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O filme afegão candidato à indicação ao Oscar estreou na quinta-feira em um cinema que no passado foi palco de trocas de tiros, mas sua diretora quer que o público veja mais além da violência, enxergando a riqueza da cultura e das tradições do Afeganistão.

Black Tulip trata dos esforços de uma família de Cabul que, após a derrubada do governo linha-dura do Taliban, em 2001, abre um restaurante com um canto com microfone para declamações de poesia.

"Eu não quis focar unicamente a guerra. Eu quis contar uma história real sobre pessoas que sonham e nutrem esperanças, como nós", disse a diretora Sonia Nassery Cole em comunicado.

"Eu quis celebrar as cores, a música, a cultura, as tradições", acrescentou a diretora, que nasceu no Afeganistão, mas deixou o país em 1979, o ano da invasão soviética. Em 2002 ela criou a Fundação Mundial Afeganistão para promover o desenvolvimento em seu país natal, e "Black Tulip" é seu primeiro longa-metragem.

O filme foi exibido no cinema Ariana no centro de Cabul, palco de combates violentos em janeiro deste ano quando homens-bomba desencadearam uma série de ataques coordenados no centro da capital.

Cantores afegãos se apresentaram antes da exibição do filme, que mostra o ritmo da vida normal em uma cidade onde o som de helicópteros é tão familiar quanto o chamado às orações, mas muitos de cujos moradores estão mais preocupados com os problemas do cotidiano, como escola, emprego e família, que com a guerra.

"O filme é incrível de modo geral, é uma ótima produção e mantém você interessado", comentou Masood Hashimi, cineasta afegão que assistiu à première.

Cole disse que fazer o filme em Cabul e ter esse tipo de reação significaram mais para ela que qualquer prêmio.

"Vim para cá no meio da guerra, rodei o filme e ninguém se feriu. Trouxe o filme de volta para cá, e hoje todo o mundo o está vendo. Esse é meu Oscar", disse ela à Reuters.

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