Rubens Marques da Silva, o Rei Momo. e Rosangela Amaral, a Rainha do carnaval, são integrantes da Imperatriz da Liberdade| Foto: Henry Milleo / Gazeta do Povo

Um enredo que falasse sobre o desfile das escolas de samba de Curitiba em 2015 poderia se chamar "Gostosa Maluquice: o Carnaval Feito à Unha na Terra dos Pinheirais".

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Há uma semana dos desfiles, a rotina das cinco escolas de samba do Grupo A inclui voluntários virando noites para improvisar fantasias e empréstimos bancários para garantir que as agremiações evoluam na Rua Marechal Deodoro no próximo sábado.

Confira a programação do Carnaval em Curitiba"O dia em que os caras do Rio de Janeiro descobrirem o que a gente faz sem dinheiro nos chamam para trabalhar para eles", dispara Jéferson Pires, presidente da Imperatriz da Liberdade.

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Estreante na "primeira divisão" do samba curitibano, a escola, segundo Pires, é a "quem mais sofreu" com a demora no repasse do dinheiro da Fundação Cultural de Curitiba (FCC) – o subsídio deve ser repassado às escolas até terça-feira, cinco dias antes dos desfiles.

Com apenas dois anos de vida, a Imperatriz da Liberdade não conta com material de desfiles anteriores que possam ser reciclados, como fazem algumas das coirmãs mais tradicionais. "É uma coisa de maluco, a gente faz por amor", diz.

Apesar das dificuldades, a Imperatriz tem a primazia de contar com o Rei Momo Rubens Marques da Silva e com Rosangela Amaral, a Rainha do Carnaval, entre seus integrantes.

"Se você quiser comparar nosso carnaval com outros, fica complicado. Mas se você entender a dimensão e a história do nosso vai poder ver que ele é muito bom", declara o rei da folia.

Presidente da Comissão do Carnaval da FCC, Jaciel Teixeira destaca que a demora no repasse do recurso se deve a "crise financeira que atinge o setor público como um todo no Brasil".

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"A gente sabe que o dinheiro chega tardio. Seria ótimo se a verba já tivesse sido liberado, porém há uma garantia positiva de que o recurso vai sair e isto permite que as escolas se planejem", avalia.

Neste ano, a prefeitura vai investir R$ 339 mil no desfile. Cada escola do Grupo A irá receber R$ 55 mil. As agremiações do Grupo B terão R$ 28,5 mil à disposição.

Para Saul D'Ávilla, presidente da Embaixadores da Alegria, a mais antiga em atividade na cidade, a legislação municipal impede que as escolas se autogerenciem, o que as faz reféns do repasse público.

"Há uma lei municipal que proíbe o patrocínio por empresas de bebida, o que ocorre na maioria dos outros carnavais bem-sucedidos no país. Não há justificativa para isso", aponta.

"Dependemos da verba pública que, aliás, não é um favor. A cultura é um direito e, estimulá-la, uma das funções do estado", observa.

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Na última quinta-feira, a Embaixadores ainda não tinha começado a preparar um de seus carros alegóricos. D'Ávilla conta que as dificuldades quase o motivaram a "largar os bets" neste ano.

"Nosso carnaval é uma manifestação inocente e pessoal. Nada comercial. Eu queria até que fosse, mas não é", destaca.

"O que nos move a continuar é ver que, no dia do desfiles, as pessoas mais humildes da nossa comunidade tem um momento de reconhecimento . O reciclador fica igual ao médico. E o povo o aplaude", conclui.

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