A jovem cantora e compositora Maria do Céu, ou simplesmente Céu, terminou uma bem-sucedida turnê de estréia pelos Estados Unidos na quinta-feira (19), uma empreitada com direito a vários shows com ingressos esgotados e uma escalada rápida nas paradas de sucesso.
Nos EUA, a paulistana chegou esta semana ao topo da parada "World" da revista Billboard com seu primeiro CD, "Céu", que está sendo vendido nas cafeterias Starbucks em todo o território norte-americano.Céu é a primeira artista a cantar em outra língua que não o inglês a ser distribuída pelo selo da Starbucks, que conta com artistas como o ex-Beatle Paul McCartney. Segundo a gravadora Six Degrees, a cantora vendeu em duas semanas quase 20.000 unidades de seu álbum, lançado no Brasil há dois anos.
Céu foi indicada a um Grammy Latino no ano passado, na categoria artista revelação, e excursionou no Canadá e na França. Agora, a cantora de 27 anos só quer saber de voltar para casa e fazer mais shows no Brasil.
- Ainda tenho trabalho para fazer com esse disco no Brasil, quero tocar no Nordeste, no Sul, quero ir para Minas - disse Céu em entrevista à Reuters.
Céu se inspira na selva urbana de São Paulo e no rap das ruas para criar seu som, que gosta de misturar com sambas das antigas. Devido à influência musical na família, Céu aproxima ritmos modernos dos sambas tradicionais que cresceu ouvindo em casa.
A cantora cruzou os EUA fazendo 13 shows este mês, tocando em cidades como Nova York, Seattle, Washington e Chicago.
Ela conversou com a Reuters sobre sua turnê e a receptividade do público norte-americano.
Pergunta: Sua música rende homenagem a muitos ritmos que têm suas raízes na África e na música negra, seja o samba ou o reggae.
Resposta: Tenho paixão pela cultura negra, desde as divas do jazz até o afrobeat. Tudo vem da África. Com o samba, tenho uma ligação muito forte com a velha escola, o samba de raiz. Sou ouvinte do vinil, então procurei levar um pouco disso ao CD, misturando com coisas modernas como o rap ou mesmo o brega, que é uma coisa nova no Brasil.
P: Você pegou uma canção de Bob Marley, "Concrete Jungle", e a colocou em seu primeiro CD. Isso não foi assustador?
R: Sou fã da música jamaicana dos anos 1970. Amo essa canção, mas senti a responsabilidade, porque a versão de Bob Marley é a definitiva. Ao mesmo tempo, pensei que a música é criada para ser cantada, e eu adoraria que alguém cantasse as minhas músicas. Além disso, é uma letra que reflete nossa realidade em São Paulo - é uma conexão Kingston-São Paulo, de certa maneira.
P: Voce cita bastante São Paulo nas suas letras.
R: Eu gosto, adoro São Paulo, é difícil morar lá mas é a cidade onde eu me vejo morando por muitos anos, é a minha casa, o lugar onde eu cresci. A rua me inspira, até por isso acho que vem dai minha relação com o rap. Às vezes eu saio, pego o metrô, dou um rolezinho, vou até a 24 (a "Galeria do Rock", no centro da cidade) e faço uma música. Me inspira o dia a dia assim das pessoas. Eu acho que é a minha realidade. E como se fosse um diário que eu estou escrevendo.
P: Você morou nos EUA por um ano em 1998/1999. Como isso a influenciou?
R: Vim para cá para conhecer outra cultura, para estudar música e me aprofundar na cultura do jazz, da música das ruas. Nova York tem muito disso. Comecei a ouvir artistas que eu não conhecia, como Erykah Badu, Lauren Hill, cantores e compositores que têm um pé no hip-hop. Até então, eu só ouvia música brasileira mesmo.
P: Você se apresentou na França e no Canadá antes de vir para os EUA. De que maneira o público norte-americano é diferente?
R: Sinto que os americanos não estão acostumados a ouvir uma língua diferente da deles, mas, ao mesmo tempo, são super-receptivos. A Europa, especialmente a França, está acostumada a ouvir coisas do mundo, especialmente coisas brasileiras e africanas, então esse é um mundo que eles conhecem. Aqui, eu sinto que isso não é tão comum, mas a receptividade tem sido muito legal.
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