Alguma coisa acontecia nas pistas de dança do Reino Unido há 20 anos. Das caixas de som vinha música para dançar, mas o som ia além das batidas uniformes e repetitivas. Tinha algo de psicodelia, rock, jazz, soul, entre outros ritmos. À frente daquilo que parecia ser uma revolução sonora, dois jovens com aparência de nerd e um disco que se tornaria referência na cena eletrônica: “Exit Planet Dust”, do Chemical Brothers.
Julho de 2015. A hoje consagrada dupla formada por Ed Simons e Tom Rowlands lança seu oitavo disco, “Born in the Echoes”. Se nas duas décadas que se passaram o modo de produzir, distribuir e consumir música mudou significativamente, pelo menos uma coisa permaneceu inalterada: a capacidade do Chemical Brothers em produzir viagens sonoras, mesclando batidas eletrônicas com o que há de mais eclético.
The Prodigy traz mais do mesmo
Junto com Chemical Brothers e Daft Punk, o The Prodigy formou a trinca que na década de 1990 levou a música eletrônica a um novo patamar, mais popular e integrada com outros estilos
Leia a matéria completaO que há de novidade em “Born in the Echoes”? Nada. Isso é ruim? Não, muito pelo contrário. A receita usada desde sempre pela dupla permanece a mesma: começo pulsante, um punhado de faixas para dançar, alguns climões, barulhos esquisitos no meio e participações especiais. Entre os convidados da vez estão Beck, o rapper Q-Tip e a nova queridinha do indie, St. Vincent.
O disco começa suingado com “Sometimes I Feel So Deserted”, que com seus vocais em falsete vai preparando terreno para “Go”. É quando o ouvinte é arrastado para a pista e fica difícil resistir ao refrão deliciosamente pop. St. Vincent dá as caras na faixa seguinte, “Under Neon Lights”, talvez a que melhor represente o encontro de gerações: ao mesmo tempo que remete aos primeiros trabalhos da dupla, tem o frescor dos anos 2010.
Disco
Chemical Brothers
Universal Music
R$ 27,90
A viagem prossegue como em uma estrada cheia de curvas. Por vezes somos levados a uma direção e, de repente, tomamos outro rumo. Da sonoridade psicodélica de “I’ll See You There” vamos ao embalo quase lounge de “Reflexion”, passando pelo experimentalismo de “Taste of Honey” até terminar com a melodia suave e o vocal tranquilizante de Beck em “Wide Open”.
Em entrevista à revista Rolling Stone, Ed Simons falou sobre o que o Chemical Brothers busca em seus discos. “Você vai ao final da música e é importante como começa a próxima. É a sensação de proporcionar diferentes emoções, humores e atmosferas ao longo do disco”. A cada trabalho, a fórmula se repete. E a química permanece infalível.
Assista ao clipe de “Go”:
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