Dezessete filmes disputarão a indicação brasileira para uma das vagas ao Oscar de filme estrangeiro em 2017. O longa escolhido será divulgado no dia 12 de setembro, na Cinemateca Brasileira, em São Paulo. O prazo de inscrição para que os filmes fossem enviados à Secretaria do Audiovisual (SAv) acabou na última quarta-feira (31).
A Academia de Hollywood seleciona nove filmes indicados pelos países de língua não-inglesa. Da lista de pré-selecionados saem os cinco que disputarão a estatueta de melhor filme estrangeiro na cerimônia do Oscar, que será realizada em fevereiro de 2017, em Los Angeles, Estados Unidos.
Entre os inscritos está “Aquarius”, de Kleber Mendonça Filho, que concorreu a Palma de Ouro em Cannes e foi alvo de uma polêmica entre o diretor e um dos jurados da comissão, o crítico Marcos Petrucelli. Outro ‘polêmico’ na briga é “Chatô - O Rei do Brasil”, de Guilherme Fontes, uma das produções mais problemáticas do cinema nacional, que demorou mais de 15 anos para chegar aos cinemas e foi recebido com certo entusiasmo pela crítica.
Formam inscritos: “Mais Forte Que o Mundo - A História de José Aldo, de Afonso Poyart, que teve um grande lançamento para os nossos padrões, mas que não chegou a fazer nem 500 mil de público e “Nise - O Coração da Loucura”, de Roberto Berliner, filme pequeno que fez continua em cartaz em algumas salas e atingiu mais de 150 mil ingressos vendidos.
Até filmes considerados de “arte”, como “Campo Grande”, de Sandra Kogut, baseado em conto de Guimarães Rosa, e o documentário “Menino 23: Infâncias Perdidas no Brasil”, de José Belisário Franca, que conta uma história ocorrida nos anos 1930, quando 50 meninos negros foram transferidos de um orfanato no Rio de Janeiro para irem trabalhar numa fazenda no interior de São Paulo como escravos, estão na disputa.
O filme “Pequeno Segredo”, de David Schurmann, e “O Roubo da Taça”, de Caíto Ortiz, são os únicos que ainda não estrearam comercialmente. A regra do Oscar permite que o filme estreie em duas salas de cinema durante uma semana no país (o filme de Schurmann será exibido em um cinema em São Paulo a partir do dia 22 de outubro). Outros filmes brasileiros, em anos anteriores, fizeram o mesmo.
“Pequeno Segredo” reconstrói a história real do casal Schurmann, Heloísa e Vilfredo, que adotaram uma menina, Kat, que era portadora do vírus da aids e morreria alguns anos depois, e foi inspirado no livro homônimo da própria Heloísa, mãe do diretor. Ele acredita que seu filme pode ser a grande surpresa entre os que estão concorrendo esse ano. “Caso o meu filme seja escolhido para representar o Brasil no Oscar, acredito que ele tenha chances reais para conseguir uma vaga, pois foi exibido para alguns produtores nos Estados Unidos e todos eles falaram que ele tem a cara do filmes da Academia”, diz com entusiasmo o diretor.
Completam a lista: “A Despedida”, de Marcelo Galvão, que recebeu alguns prêmios no Festival de Gramado, entre eles, o de atuação principal para os atores Nelson Xavier e Juliana Paes; “O Outro Lado do Paraíso”, de André Ristum, que se baseia num conto do jornalista Luiz Fernando Emediato, sobre a sua família que saiu de Minas Gerais para tentar a vida na récem-construída cidade de Brasília, no início dos anos 1960; a comédia “Uma Loucura de Mulher”, primeiro filme do diretor Marcus Ligocki Júnior, protagonizado por Mariana Ximenes e Bruno Garcia, que custou R$ 7,5 milhões de reais e chegou em mais de 400 salas de cinema; “Vidas Partidas”, de Marcos Schetchman, drama sobre os abusos e violências que as mulheres sofrem dos seus companheiros, com Domingos Montagner e Naura Schneider; o drama social “Tudo Que Aprendemos Juntos”, de Sérgio Machado, que conta a história de um violinista que vai dar aulas para jovens na periferia de São Paulo, papel de Lázaro Ramos; “O Começo da Vida”, de Estela Renner, único documentário da seleção, que fala sobre a importância dos primeiros anos de infância; “A Bruta Flor do Querer”, de Dida Andrade e Andradina Azevedo; “Até Que a Casa Caía”, de Mauro Giuntini e “A Hora e a Vez de Augusto Matraga”, de Vinicius Coimbra.
Aquarius
Por conta da polêmica envolvendo um dos jurados - o crítico Marcos Petrucelli, que havia postado no seu Facebook, antes de ser chamado para fazer parte da comissão especial do Oscar, declarações negativas sobre a atitude do diretor Kleber Mendonça Filho, de “Aquarius”, que aproveitou o tapete vermelho do Festival de Cannes para protestar contra o impeachment, agora consumado, de Dilma Rousseff - três diretores que iam inscrever seus filmes recuaram em solidariedade a Kleber alegando falta de legitimidade da comissão (Anna Muylaert de “Mãe Só Há Uma”, Aly Muritiba de “Para Minha Amada Morta”, e Gabriel Mascaro de “Boi Neon”). Além dos diretores, dois membros da comissão pediram para sair, o diretor e produtor mineiro Guilherme Fiuza Senha e a atriz Ingra Liberato. Foram chamados para substituí-los os diretores Bruno Barreto e Carla Camurati.
Para a Secretaria do Audiovisual (SAv), mesmo com a baixa desses filmes, o número de inscritos esse ano superou as expectativas. “Recebemos 17 filmes, oito a mais que o ano passado, que ficou em nove. Tivemos um aumento significativo se levarmos em consideração o ano de crise e toda polêmica envolvendo Petrucelli e Kleber Mendonça Filho”, revelou Sylvia Bahiense Naves, chefe de Gabinete Substituta, funcionária de carreira há mais de 30 anos do MinC e uma das juradas da comissão, tendo participado em outras três ocasiões.
Segundo números divulgados pela SAv, nos últimos cinco anos, as inscrições oscilaram um pouco. Em 2011 foram inscritos 11 filmes, em 2012 subiu para 16, caiu novamente em 2013, 14 produções, em 2014, ano em que o primeiro filme do Kleber Mendonça Filho foi escolhido, “O Som ao Redor”, houve um pequeno aumento no número de filmes inscritos, 18. Em 2015, esse número caiu para seu menor patamar, nos últimos anos, nove filmes, quando “Que Horas Ela Volta?”, da Anna Muylaert foi escolhido.
Além dos diretores Bruno Barreto e Carla Camurati, do crítico Marcos Petrucelli e de Sylvia Bahiense Naves, da SAv, a comissão é composta por Adriana Rattes, ex-secretária de Cultura do Estado do Rio de Janeiro, Luiz Alberto Rodrigues, distribuidor, George Firmeza, diretor do Departamento Cultural do Itamaraty, Paulo de Tarso Basto Menelau, exibidor e Silvia Maria Sanches Rabello, presidente da Associação Brasileira de Empresas de Infra-Estrutura da Indústria Cinematográfica e Audiovisual (Abeica).
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