Ainda que o cinema mais rentável siga vivendo de fórmulas prontas, no ano de 2015 uma série de diretores optaram por estratégias de filmagens, linguagens e edições nada convencionais.
Alguns, como o mexicano Alejandro González Iñárritu, tem sido criticado por ter ido longe ao colocar elenco e equipe de produção em situações extremas.
O site americano Indiewire listou sete filmes em que realizadores, entre a imprudência e a audácia, escaparam dos padrões e ajudaram a reinventar o cinema em 2015.
Um roteiro sem palavras. Assim é o filme ucraniano “A Gangue”, do diretor Miroslav Slaboshpitskys, todo ambientado em um sombrio internato para surdos. A narrativa é construída em linguagem de sinais, sem narração ou legendas. Segundo alguns críticos que comentaram a produção – que passou discretamente no Brasil – o filme mudo é “doloroso” de assistir, “não fosse a linguagem corporal e a construção complexas dos personagens” criadas por atores surdos-mudos ou não. Talvez o maior exercício de linguagem do ano.
O alemão Sebastian Schipper apostou em filmar o seu “Victoria” com um único e longo plano-sequência de 140 minutos. Em cima de um roteiro de apenas doze páginas, o filme se passa em 22 locações em uma única noite em Berlim, na qual um grupo prepara um assalto a banco. Segundo a imprensa alemã, Schipper precisou “enganar” os produtores, dizendo que faria uma edição tradicional para finalizar o filme.
Um dos filmes mais importantes do ano, “Filho de Saul” é um passeio no inferno do campo de concentração de Auschwitz. Para recriar a experiência claustrofóbica da vida em Auschwitz, o diretor húngaro László Nemes criou a singular experiência de filmar o longa quase inteiramente em close-up. Como a experiência de prisioneiros, não há nenhum momento de alívio.
“Corra riscos... Se você fizer apenas um produto, não há sentido. É preciso encontrar o próprio caminho”, defendeu o diretor Kornél Mundruczó a respeito de seu filme “Deus Branco”. Para uma das cenas, o diretor capturou e soltou 250 cães vira-latas pelas ruas da capital húngara Budapeste. Quantos de seus colegas teriam usado computação gráfica?
Alejandro González Iñárritu é famoso por passar dos limites, mas talvez em “O Regresso” tenha ido além. Elenco e equipe sofreram com a produção insana, no filme que usou apenas luz natural em locais remotos no inverno canadense. Rios congelados e tempestades ferozes foram obstáculos comuns para o teste de resistência que a equipe passou nas mãos de Iñarritu.
O cinema do iraniano Jafar Panahi é todo um ato político de dissidência. Em 2010 o diretor foi preso, acusado de propaganda antigoverno iraniano. Mesmo condenado a seis anos de prisão e 20 sem fazer filmes, dar entrevistas ou deixar o país, Panahi não parou. Desde então fez logo três filmes. No mais recente, “Taxi Teerã”, dirige pelas ruas da capital iraniana, encontrando uma mistura variada de passageiros com uma câmera fixada no painel.
“Tangerine”, de Sean Baker, já está sendo conhecido como o “filme feito com um I-Phone 5”. Uma experiência que até já tinha sido feita anteriormente, mas que, agora, segundo a Indiewire, conseguiu “transformar nossa terceira mão em uma ferramenta cinematográfica”. Será uma tendência para os próximos anos?
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