Para os cinéfilos, 2015 foi um ano e tanto. Grandes franquias ressuscitaram com toda força, como “Mad Max”, “Jurassic Park” e até “Star Wars”. No Brasil, enquanto “Que Horas Ela Volta?” conquistou o público, uma história de 20 anos chegava ao fim com a conclusão de “Chatô”. Mas o mais importante é que muita coisa boa passou ou ainda vai passar pelas telas.
Selecionamos dez filmes inesquecíveis lançados este ano e que merecem ser vistos. De diferentes partes do mundo, os cineastas esbanjaram criatividade e boas ideias. Confira a lista e indique, também, os seus filmes preferidos:
O diretor português Miguel Gomes não se contentou em fazer um grande filme, então fez três de uma vez só. Diferente do que indica o título, não se trata de uma adaptação do clássico das arábias. A obra serve apenas como inspiração e fio condutor para uma reflexão profunda sobre a crise econômica que atingiu Portugal nos últimos anos. Realismo, fantasia, humor e drama se mesclam em uma obra-prima de gênero inclassificável. Apesar de já lançada no Brasil, a trilogia ainda não tem previsão de estreia em Curitiba.
O Holocausto ainda pode render bons filmes? O diretor húngaro Laszló Nemes mostra que sim. Ao contar a história de um judeu que trabalha em um campo de concentração e faz de tudo para poder enterrar o filho morto, fez um filme poderoso, que mergulha o espectador em uma experiência aterradora. A produção foi indicada e é considerada favorita para levar o Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro. Exibido na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, a estreia no Brasil está marcada para 4 de fevereiro.
Depois de “O Profeta” (2009) e “Ferrugem e Osso” (2012), o francês Jacques Audiard realizou outro filme brilhante, explorando um tema extremamente atual: a imigração. Um homem, uma mulher e uma criança fingem ser uma família para deixar o Sri Lanka rumo a Paris. O que começa como um drama intimista desagua numa explosão de violência. A produção conquistou a Palma de Ouro no Festival de Cannes e é outra que chegou no Brasil, mas ainda não passou pelos cinemas curitibanos.
Existe alguma coisa na água dos argentinos que faz com que, a cada ano, eles entreguem um punhado de ótimos filmes. “O Clã”, que vem quebrando recordes de bilheteria na Argentina, não é bom, é espetacular. O diretor pegou uma história real ocorrida na década de 1980 e transformou em um filme aterrorizante. Se o mundo fosse justo, Guillermo Francella seria indicado ao Oscar pela atuação como o patriarca dos Puccio, família que ganhou dinheiro sequestrando e matando pessoas próximas. O filme está em exibição em Curitiba.
Quem diria que o cinema de ação seria revigorado por um senhor de 70 anos, ao ressuscitar uma franquia que havia sido encerrada há três décadas. George Miller dispensou grande parte da tecnologia disponível e fez um filme eletrizante usando muitas filmagens fora de estúdio e pouca computação gráfica. De quebra, fez de Charlize Theron e sua Imperatriz Furiosa uma nova heroína, que suscitou debates sobre o novo papel da mulher nos filmes de ação.
Muita gente não acreditava que o filme iniciado há 20 anos pelo ator Guilherme Fontes, que lhe rendeu processos e muita dor de cabeça, um dia chegaria às telas. Menos gente ainda imaginava que depois de toda a novela envolvendo a produção sairia alguma coisa boa. Pois Fontes contrariou os incrédulos fazendo uma obra única na cinematografia nacional. Com uma linguagem ousada, que mescla Cinema Novo, chanchada e narrativa contemporânea, fez grande cinema e história. Em Curitiba, o filme segue em cartaz.
Enfim o cinema brasileiro conseguiu realizar um filme que dialoga com o grande público sem menosprezar sua inteligência, ao mesmo tempo que faz crítica social sem ser cabeçudo. Com uma Regina Casé em atuação estupenda, “Que Horas Ela Volta?” usa de uma história aparentemente simples, da empregada que abriga a filha na casa dos patrões, para tecer um retrato poderoso do Brasil dos anos 2000, com todas suas contradições, avanços, preconceitos e retrocessos.
Você conhece Jia Zhangke? Já viu algum filme dele? Se não conhece, o documentário de Walter Salles é uma excelente oportunidade de saber um pouco sobre a obra desse cineasta chinês não tão popular no Brasil, mas um dos mais importantes de seu país. Salles levou-o à cidade natal para reviver sua história, visitar os cenários de seus filmes e reencontrar pessoas. Com isso, fez um filme que releva a sensibilidade do homem e o talento do diretor Jia Zhangke, ambos em sua plenitude.
Os anos passam, mas um dos mestres do entretenimento em Hollywood, Robert Zemeckis, não perde a mão. É daqueles cineastas que sabem como poucos usar a tecnologia a favor do bom cinema, não apenas para impressionar. Para contar a história de Phillipe Petit, o equilibrista que em 1974 atravessou o vão das torres gêmeas sobre uma corda, criou efeitos que colocam o espectador sob vertigem nas alturas. Humor, drama e suspense na medida exata fazem de “A Travessia” um filme que diverte tanto quanto encanta.
Apesar de ter sido lançado nos EUA em 2014, só chegou ao Brasil neste ano e, lamentavelmente, teve uma passagem discreta pelos cinemas. O título remete ao ano de 1981, quando Nova York sofria uma de suas maiores ondas de criminalidade. Nesse cenário vivem o casal Abel e Anna, que tentam prosperar nos negócios, mas sofrem com a corrupção e a violência. Ao contrário do que pode sugerir o título, não é um filme de violência explícita. Há uma brutalidade contida, que torna a narrativa envolvente do início ao fim.
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