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A espectadora Jenifer Novais  não deu ouvido ás críticas ruins. | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
A espectadora Jenifer Novais não deu ouvido ás críticas ruins.| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Mesmo tendo sido bastante pichado por boa parte da crítica, “Batman vs. Superman” se tornou a maior estreia de super-heróis da história. O filme de Zack Snyder, que chegou aos cinemas no dia 24 de março, arrecadou US$ 424 milhões em seu primeiro final de semana. E, como acontece de tempos em tempos quando grandes produções de Hollywood desafiam resenhas negativas e se tornam sucesso de público, o caso motivou alguns debates sobre a importância da crítica.

Há uma narrativa bastante conhecida sobre a questão: Na época de ícones como Roger Ebert e Pauline Kael, dois dos nomes mais famosos desta tradição, os críticos eram todo-poderosos. Na era da internet, a crítica perde relevância junto com os veículos tradicionais. E o zunzunzum das redes sociais, impulsionado por um marketing cada vez mais poderoso, se torna mais importante para o sucesso de um filme do que resenhas positivas.

“Já faz algum tempo que a crítica tem uma importância reduzida, para não dizer nenhuma, no que se refere ao desempenho na bilheteria dos filmes de grande produção”, comenta o crítico José Geraldo Couto. “Para o grande público, que consome cinema como mero entretenimento entre punhados de pipoca e goles do refrigerante, a opinião do crítico tem menos valor que os comentários de internautas ou a opinião média dos usuários de um site.”

Pode haver alguns mitos nesta história, no entanto. Em 2006, o crítico norte-americano Owen Gleiberman lembrou que, mesmo em seus tempos áureos, a temida Pauline Kael não era capaz de provocar estouros de bilheteria com uma crítica positiva. Tampouco de condenar produções ao fracasso. Na verdade, já nos anos 1970 os sucessos de público muitas vezes eram os filmes que a crítica detonava – com poucas exceções como “O Poderoso Chefão”.

Gleiberman argumentou que considerar a crítica irrelevante por “falhar” neste sentido é confundir alhos com bugalhos. Ninguém diria, por exemplo, que um analista político não importa só porque seus comentários não impediram Tiririca de ter sido o deputado federal mais na história do Brasil (Gleiberman usou outro exemplo, naturalmente).

“A crítica pode ter seu papel junto a uma parcela do público que quer ir além e pensar o cinema como meio de expressão”, diz Couto. “Mesmo um blockbuster como [‘Batman Vs. Superman’] pode suscitar questões interessantes a respeito de suas implicações sociais, políticas, psicológicas, como ‘sinal dos tempos’. O espectador mais exigente e pensante pode querer buscar esse tipo de discussão, de leitura, de provocação. Não vai mudar em nada a bilheteria do filme, mas pode cumprir um papel educativo, civilizatório até, ainda que num âmbito restrito.”

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