Cena de “Divertida Mente”, em que parte da ação se passa na cabeça de uma pré-adolescente.| Foto: Divulgação

Um filme para crianças que cita conceitos da psicologia como o subconsciente pode provocar arrepios.

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Mas, para um espectador otimista como eu, isso pode ser muito bom. Porque não é todo dia que a gente tem a chance de lembrar que existe um mundo dentro de nós.

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E é para lá que “Divertida Mente” nos envia, para dentro da mente de Riley, uma menina de 11 anos.

O filme é a nova produção da Disney com a Pixar e estreia nesta quinta-feira (18) em todo o país.

Veja no Guia onde assistir ao filme

Lembrando o divertido conto cinematográfico de Woody Allen em que espermatozoides assistem ao desenrolar das preliminares de um casal em “Tudo Que Você Sempre Quis Saber Sobre Sexo (Mas Tinha Medo de Perguntar)” (1972), conhecemos o funcionamento das reações da menina a partir de um centro de controle no cérebro dela.

Numa mesa, operam os personagens Alegria, Tristeza, Raiva, Medo e Nojinho (perfeita materialização da chatice que os adolescentes usam para se defender).

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Pegamos Riley num momento crucial de crise pré-adolescente, quando ela e os pais se mudam do inverno do Minnesota para a bagunça de São Francisco. Sem suas referências de segurança, amigos e o time de hóquei, ela se vê em apuros na escola quando chora na frente da turma. Num espaço de poucas horas, sua vida vai desmoronando num efeito dominó.

Os sentimentos controladores querem só o melhor para ela, mas apenas Alegria sabe o que está fazendo. Como outros filmes da Pixar, “Divertida Mente” segue o tradicional esquema conflito, mais conflito, quase tudo vai para o brejo, deus ex machina (um elemento surge do nada para resolver o imbróglio) e final feliz.

Mas muitas escolhas foram felizes dentro dessa moldura tradicional. A própria explicação teórica que rege o universo da fantasia de “Divertida Mente” é boa: as lembranças de Riley, representadas por bolas de cristal, são o “cimento” de sua personalidade, que vai se formando a partir de ilhas de interesses, como família e amizade.

Curta-metragem

Com distribuição da Disney. “Divertida Mente” é a mais recente produção da Pixar, responsável por “Toy Story” e “Monstros S/A”. Na sessão de cinema, o espectador leva ainda um extra: “Lava”, curta-metragem exibido antes do filme, é uma inusitada canção de amor entre dois vulcões do Pacífico.

Jornada interior

Na trama, Alegria e Tristeza são tragadas para o arquivo de “memórias de longo prazo”, e Riley acaba sendo comandada só pelas emoções – e todos nós sabemos aonde isso pode levar. O lugar longe da área de comando para onde os personagens principais são enviados é representado como um país desolado com inúmeros setores, e aqui também o filme surpreende.

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No setor de produção de sonhos, atores são escalados para reviver acontecimentos do dia da menina – não sem antes aplicar à câmera um “filtro da realidade”.

O único caminho de volta à sala de controle é embarcar no “trem da consciência” (em inglês, train of thought é usado com o sentido de fluxo de consciência).

No compartimento de carga, caixas separam fatos de opiniões – quando eles acidentalmente se misturam, um personagem dá de ombros: “Eles são mesmo muito parecidos”.

Com inúmeras referências psicológicas (o subconsciente é um galpão trancado para onde são enviadas as “pessoas que incomodam”), “Divertida Mente” é genial.

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