Com o cinema lotado, o documentário brasileiro “Curumim”, de Marcos Prado, teve sua primeira sessão nesta sexta-feira (12) na Panorama Documenta, na 66ª edição do Festival de Berlim.
Chamado ao palco pelo representante da Berlinale para abrir a sessão, Prado agradeceu ao festival por ter sido selecionado para uma mostra tão prestigiada como a Panorama e à sua equipe pela realização do documentário.
O filme acompanha os últimos momentos da vida de Marco Archer, brasileiro executado na Indonésia em janeiro de 2015 por tráfico de drogas.
A vida pregressa dele também é contada na produção. Entrevistas com amigos, fotografias, cartas e conversas telefônicas fornecem uma visão de sua vida e do tempo que passou na prisão aguardando a comutação de sua pena ou sua execução, o que acabou acontecendo.
O documentário é dramático, alternando seus momentos de alegria, tristeza, euforia, revolta, medo e, principalmente, sua batalha diária para manter a esperança.
Prado conversou com a Gazeta do Povo sobre o filme e seu relacionamento com Curumim, como Archer era chamado pelos amigos. “Eu conheço o Marco desde nossa época de juventude no Rio”, contou o diretor, acrescentando que ele era muito carismático, audacioso e inclusive sobreviveu a graves acidentes.
“Acho que isso lhe dava uma sensação de invencibilidade”, avalia o documentarista, que não tem a intenção de romantizar a vida de Archer, nem de transformá-lo em uma espécie de herói.
“Ele reconhecia que errou e se arrependeu do que fez. A meu ver, as pessoas merecem uma segunda chance. A intenção do filme é, acima de tudo, humanizá-lo”, destaca.
Sobre a seleção para Berlim, Prado diz que é muito bom participar de uma mostra que tem uma diversidade tão grande como é o caso da Panorama. “Além disso, a Berlinale é provavelmente a maior vitrine para se lançar um filme hoje em dia – tanto comercial quanto institucionalmente”, afirmou.
Para ele, o tema do filme pode ajudar na discussão sobre a pena de morte. “Espero que ‘Curumim’ traga reflexões sobre o assunto, mas principalmente que consiga humanizar o Marco”, reiterou o diretor de “Estamira” e produtor de “Tropa de Elite”, de José Padilha, vencedor do Urso de Ouro em 2008.
Dois outros filmes sobre a pena capital também estão na Berlinale: “Já, Olga Hepnarová”, dos tchecos Tomas Weinreb e Petr Kazda, e “Shepherds and Butchers”, de Oliver Schmitz, coprodução da África do Sul, EUA e Alemanha.
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