| Foto: Divulgação

Imagine juntar em um único filme atores do porte do mexicano Gael García Bernal e da brasileira Mariana Ximenes, duas línguas diferentes, animação, influências de Charlie Kaufman (roteirista de “Quero Ser John Malkovich” e “Adaptação”) e do artista plástico M.C. Escher. Isso não apenas foi possível como é obra de um brasileiro, o jovem Pedro Morelli. Lançado na última edição do Festival de Cinema do Rio, “Zoom” deve chegar às telas brasileiras somente em 2016, mas promete causar barulho.

CARREGANDO :)
Veja também
  • Repórter tenta a vida como dublador
  • Disco exibe gênio de Radamés Gnattali
  • Corrente Cultural 2015 destaca artistas que vão do rap ao pop

Parte do filme se passa em quadrinhos

Além do elenco estelar e da ousadia narrativa, “Zoom” tem outro atrativo particular: é o primeiro longa-metragem brasileiro a utilizar a rotoscopia, uma técnica de animação que consiste em redesenhar quadros de filmagem.

Leia a matéria completa
Publicidade

O filme é resultado de uma parceria entre Brasil e Canadá, que em 2008 viabilizou “Ensaio sobre a Cegueira”, de Fernando Meirelles. Ainda como estagiário nas filmagens, Morelli conheceu um dos produtores, que anos depois estava à procura de um diretor jovem para conduzir um novo projeto. Surgiu então a oportunidade de realizar “Zoom”, falado quase inteiramente em inglês e que tem ainda no elenco nomes como Alison Pill, da série “The Newsroom”, e Jason Priestley, de “Barrados no Baile”.

Jason Priestley (de “Barrados no Baile”) com Ximenes. 

Em “Zoom”, três narrativas paralelas se cruzam: uma garota (Alison Pill) que fabrica bonecas e sonha em colocar silicone nos seios; uma modelo bem-sucedida (Mariana Ximenes) tenta consolidar uma carreira como escritora; e um diretor de cinema (Gael García Bernal) enfrenta uma crise criativa.

Com uma narrativa que abusa da metalinguagem, o roteiro lembra o estilo de Charlie Kaufman, que escreveu “Adaptação” e dirigiu “Sinédoque Nova York”. Morelli assume o roteirista americano como uma de suas principais influências, juntamente com as obras de Escher, famosas pela ilusão de ótica. “A estrutura cíclica dessas obras, que confundem o espectador, foram também uma inspiração”, conta o diretor, que codirigiu anteriormente “Entre Nós” com o pai, Paulo Morelli (de “O Preço da Paz”).

Desde o início do projeto eu tinha em mente utilizar esse tipo de animação [rotoscopia].

Pedro Morelli, diretor, sobre a técnica que permite redesenhar quadros de filmagem.
Publicidade

Antes de ser exibido no Festival do Rio, “Zoom” fez sua estreia no Festival de Toronto, no Canadá. No circuito comercial brasileiro, o lançamento deve acontecer em março ou abril do ano que vem. “Ainda estamos negociando para lançá-lo fora do país, mas as perspectivas são boas. É um filme mais internacional que brasileiro, tem uma pegada que fala com todos os públicos”, avalia o diretor.