O documentário Um Sonho Intenso, do diretor José Mariani, que entra em cartaz nesta quinta-feira (21) em Curitiba, conta a história econômica do Brasil entre os anos 1930 e o governo Lula. A narrativa é construída de forma linear, abordando todos os governos do período e os principais fenômenos econômicos de cada época.
O filme usa depoimentos dados por economistas ligados à política de esquerda, como Carlos Lessa, que presidiu o BNDES no primeiro governo Lula, Maria da Conceição Tavares e Luiz Gonzaga Belluzzo, para contar como a economia do país evoluiu em quase nove décadas. É justamente na escolha dos nomes que reside a principal fraqueza do documentário, que em vez de elucidar algum fato ou mostrar algum personagem pouco conhecido, abre espaço para uma análise pessoal dos entrevistados.
Esse é um estilo válido para o formato de documentário econômico – o mais conhecido talvez seja Commanding Heights, produzido pela emissora americana PBS – e que simplifica bastante as coisas quando o assunto é tão complexo. Pontuadas por imagens e discursos de época, as entrevistas se intercalam para dar corpo à tese de que a economia brasileira foi moldada por uma elite conservadora que aceitou, quando necessário, acordos com outros setores (dando origem, por exemplo, a desenvolvimentismo de Vargas e Juscelino Kubitschek).
Um Sonho Intenso peca por não abrir espaço para o contraditório ou para nuances, como os conflitos por trás de vários fatos narrados no filme. Um exemplo é a ausência de qualquer economista que participou da formulação do Plano Real, marco mais importante da economia nas últimas duas décadas.
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