Em plena polêmica em Hollywood gerada pela falta de diversidade entre indicados ao Oscar, um estudo divulgado nesta segunda-feira (22) sustenta que o homem branco continua sendo predominante no cinema e na televisão americanos, enquanto as minorias raciais e as mulheres são fadadas às sombras.
Essa é a premissa do estudo “Inclusão ou Invisibilidade”, realizado por pesquisadores da Escola Annenberg de Jornalismo e Comunicação da Universidade do Sul da Califórnia (USC), cuja conclusão é contundente: “Hollywood tem um problema com a diversidade”.
Além disso, e especificamente para o caso dos filmes, os pesquisadores afirmam que “a indústria do cinema ainda funciona como um clube de meninos brancos e heterossexuais”.
O relatório se baseia na análise de 414 produções audiovisuais (109 filmes e 305 séries de TV) de 2014 e 2015, e centra seu foco nos profissionais que se encontram diante e atrás das câmeras para saber qual é a participação das mulheres, das minorias raciais e do grupo LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros).
Quanto às mulheres, 33,5% dos personagens com diálogo foram femininos, porcentagem que caiu até 28,7% no caso de papéis em filmes.
Estabelecendo um patamar de 45% a 54,9% de mulheres com falas no roteiro para falar de uma “distribuição equilibrada”, o estudo concluiu que apenas 18% das produções apresentaram um elenco diverso quanto ao gênero.
“Está claro que as mulheres seguem ainda pouco representadas na tela ao longo do ecossistema da ficção popular”, destacou o estudo.
A discriminação na representação de papéis femininos piora quando se aumenta a idade, dado que três de cada quatro dos papéis para maiores de 40 anos foram para homens.
Além disso, o estudo focou sua atenção na sexualização dos personagens femininos e concluiu que 34,3% das mulheres apareceram com “roupa sexy”, contra 7,6% dos homens; e 33,4% mostraram algum tipo de nudez, em contraste com 10,8% dos homens.
Por trás das câmeras, a situação também não melhora: 15,2% dos produtores eram mulheres (3,4% no caso de diretoras de filmes) e 28,9% dos roteiristas eram escritoras.
Quanto à representação de minorias ou outras raças, 28,3% dos personagens com diálogo não eram brancos (12,2% eram negros; 5,8%, latinos; 5,1%, asiáticos; 2,3%, do Oriente Médio; e 3,1%, de outras etnias), apesar da proporção real destes grupos demográficos ter ascendido até 37,9%, segundo o Censo dos Estados Unidos.
“Cerca da metade das produções analisadas não apresentaram personagens de origem asiática e 22% não incluiu papéis de negros”, indicaram os pesquisadores.
Os dados dos diretores foram ainda menos positivos: levando em conta só os produtores de filmes, 87,3% deles eram brancos.
Por último, apenas 2% dos personagens com diálogos eram gays, lésbicas ou bissexuais, uma porcentagem menor ao 3,5% da população americana que, segundo um estudo do Instituto Williams da Universidade da Califórnia, Los Angeles (UCLA), se identifica como parte da comunidade LGBT.
Incluindo também as pessoas transgênero, cerca de três quartos dos personagens LGBT foram homens e quase 80% do total eram brancos.
O estudo da USC é divulgado a poucos dias da 88ª edição do Oscar, que acontece neste domingo (28) após protestos de estrelas de Hollywood pela não inclusão de atores e diretores negros entre os indicados pelo segundo ano consecutivo.
Além da ameaça de um boicote por parte da comunidade negra, o debate motivou o anúncio da Academia de que tomará medidas para aumentar a diversidade.
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