Nessa arte das aparências que é o cinema, loiras e morenas costumam ser postas juntas para animar as tramas. Nas comédias, a combinação funciona ainda mais ao contrapor personalidades e provocar o riso com os desencontros. “Irmãs” reúne mais uma vez a loira Amy Poehler e a morena Tina Fey, dupla incendiária do humor.
As primeiras cenas dão a cada uma direito a show próprio. A loira é quase burra de tanta candura. A morena improvisa e faz graça de palhaça. Até aí o filme parece ser mais uma comédia morna.
A notícia de que os pais decidiram vender a casa em que as Ellis cresceram serve para reaproximá-las. É o que falta para “Irmãs” se transformar em comédia maluca.
Sutileza
O humor do filme não é do tipo sutil, mas também não depende só de gente soltando puns e falando baixarias.
Quando os pais pedem a elas para esvaziarem seus quartos, “Irmãs” mostra como o bom humor requer mais que piadas prontas. A relação de cada uma com seus pertences introduz velocidade vertiginosa para ninguém resistir.
A volta à infância culmina numa sequência de festa com a qual as Ellis se despedem do passado revivendo loucurinhas. O reencontro da turma, 20 anos depois, destrói as últimas ilusões de maneira ácida.
Nessa parte, “Irmãs” vira um pandemônio visual e cômico. Ao contrário das comédias brasileiras, em que os atores interpretam piadas e esperam o público responder, “Irmãs” não dá fôlego por meio de uma sucessão de cenas físicas que confirmam o riso como parente próximo da anarquia.
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