Jennifer Lawrence conquistou espaço dentro da indústria do cinema com um papel de garota simples e intrépida em “Inverno da Alma” (2010).
Vimos sua evolução para interpretações bem diferentes, como a Katniss Everdeen que a popularizou em “Jogos Vorazes” (2012-15), e o reconhecimento precoce com “O Lado Bom da Vida”, pelo qual ganhou o Oscar de melhor atriz em 2013, aos 23 anos.
Naquela comédia intimista, ela contracenava com Bradley Cooper dirigida por David O. Russell, dobradinha que tem dado certo e que se repete em “Joy”. O filme, que entra em cartaz nesta semana, a recoloca nesse papel que lhe cai tão bem: a interiorana que vence um desafio atrás do outro para sair do buraco financeiro e salvar a família.
Joy Mangano, que inspira sua protagonista, é uma norte-americana que inventou uma centena de traquitanas domésticas que hoje facilitam a organização e a faxina de muita gente. A primeira foi a mais difícil de emplacar: o esfregão ultra-absorvente que se torce sem as mãos.
Foi esse produto que lhe trouxe tranquilidade no orçamento, mas cuja produção e venda exigiu sofrimento e toda aquela coragem que Jennifer sabe incorporar.
Sua versão de Joy mostra a futura empresária ainda menina, quando sonhava com as coisas que iria construir.
O casamento e nascimento de dois filhos numa situação nada confortável, porém, a lançam em empregos estafantes e degradantes e no caos domiciliar.
O estalo para o desenvolvimento do esfregão-maravilha (miracle mop) vem quando ela está, como sempre, limpando a sujeira da família, e acaba cortando as mãos em cacos de vidro.
Na dramatização das relações, chama a atenção o realismo em que um casal divorciado precisa continuar trabalhando junto, e situações tensas continuam assim até o fim da vida, sem piorar ou melhorar.
Mas “Joy” é um filme híbrido, que mistura o drama pessoal e familiar, a comédia hilária de Robert De Niro e as trapaças do mundo organizacional.
Em meio à ficcionalização da personagem real elaborada pelo roteiro de Annie Mumolo e Russell, o filme acaba seguindo aquelas etapas tradicionais de evolução, com crise, mais crise, quase vai tudo para o brejo e solução. O clichê cansa, mas é atenuado pela narração do ponto de vista da avó de Joy.
Jennifer Lawrence até sustenta a indicação ao Oscar de melhor atriz, mas concorre com as favoritas Brie Larson (por “O Quarto de Jack”) e Cate Blanchett (“Carol”).
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