Um grupo de jovens arrogantes teimou em mudar os rumos do cinema no fim dos anos 1950. Eles escreveram roteiros, arranjaram produtores e ocuparam as ruas de Paris e da França para fazer filmes vibrantes. Mais tarde, o grupo ganhou um nome: nouvelle vague.
Os dois autores mais conhecidos da “nova onda” eram de François Truffaut (1932-1984) e Jean-Luc Godard, o coração e o cérebro do movimento. À medida que Truffaut se embrenhou mais e mais na máquina do cinema – o que significa atuar em “Contatos Imediatos de Terceiro Grau”, de Steven Spielberg, e levar um Oscar de filme estrangeiro por a noite americana –, Godard se afastou dela, se tornando um cineasta muito citado e pouco visto. Mas o assunto aqui é Truffaut. Em 2014 fez 30 anos que Truffaut morreu em decorrência de um câncer no cérebro e, de lá para cá, ele tem sido lembrado com uma exposição no Museu da Imagem e do Som (ela acaba no domingo) e com uma mostra de filmes que circula o Brasil e estreou no Espaço Itaú de Curitiba na quinta-feira (15). Confira a programação completa no Guia.
A mostra em Curitiba terá oito filmes, seleção que inclui os quatro longas-metragens da série Antoine Doinel, o alter ego de Truffaut vivido no cinema pelo ator Jean Pierre Léaud: “Os Incompreendidos” (1959), “Beijos Roubados” (1968), “Domicílio Conjugal” (1970) e “Amor em Fuga” (1979). Dos quatro, “Os Incompreendidos” é o mais arrebatador e apresenta o menino Antoine, um jovem que não consegue se enquadrar na escola nem na vida em família, ao lado da mãe e do padrasto. (Essa é, até onde se sabe, a história do próprio Truffaut, que adotou o nome do padrasto e nunca teve contato com o pai de sangue.)
Os outros três filmes funcionam mais como comédias românticas que tratam do amadurecimento do personagem, da vida a dois e dos dilemas da vida adulta.
A mostra terá ainda “Atirem no Pianista” (1960), estrelado por Charles Aznavour e baseado num romance policial de David Goodis; “Jules e Jim” (1962), “Um Só Pecado” (1964), com Françoise Dorléac, a irmã de Catherine Deneuve; esta protagoniza, ao lado de Gérard Depardieu, “O Último Metrô” (1980). A mostra com os filmes de Truffaut ficará em cartaz até o dia 29.