Todos merecem uma segunda chance, inclusive os super-heróis. Afinal, não é culpa deles se algum diretor e/ou roteirista leva sua história para o cinema e o resultado é frustrante. A primeira adaptação de “Quarteto Fantástico”, por exemplo, rendeu dois filmes, um em 2005 e o segundo em 2007, este último com a inclusão do Surfista Prateado. Apostando em doses generosas de humor, as duas produções tinham mais cara de desenho animado despretensioso do que de adaptação fiel aos quadrinhos.
Dez anos depois do primeiro filme, é justo afirmar que os quatro heróis ganham enfim uma adaptação cinematográfica de respeito. Há controvérsia quanto a mudanças em relação aos quadrinhos, mas não se pode negar que “Quarteto Fantástico”, que estreou nos cinemas nesta semana, tem doses precisas de história, ação, humor, suspense e efeitos especiais.
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Como uma parcela expressiva das adaptações de quadrinhos, “Quarteto Fantástico” parte das origens dos personagens, mostrando-os ainda crianças em uma situação que vai mudar suas vidas. Reed e Ben se tornam amigos quando o primeiro desenvolve uma máquina capaz de teleportar matéria. Anos depois, já adolescentes (vividos por Miles Teller, de “Whiplash”, e Jamie Bell), têm o projeto bancado por uma fundação de pesquisa científica.
Em parceria com Sue (Kate Mara, de “House of Cards”), Johnny (Michael B. Jordan) e Victor (Toby Kebbell), Reed desenvolve o equipamento, capaz de teletransportar seres vivos a uma outra dimensão. Na primeira viagem, contudo, a experiência dá errado e o equipamento é destruído durante o retorno da equipe. É quando eles adquirem os poderes especiais: Reed se torna o Senhor Fantástico, Ben o Coisa, Sue a Mulher Invisível, Johnny o Tocha Humana e Victor o poderoso vilão Doutor Destino.
Ainda que o roteiro tenha alguns furos, a opção de focar exclusivamente no processo de transformação dos personagens é um tiro certeiro. Sem excessos, o diretor Josh Trank (que até então havia dirigido um único longa, “Poder Sem Limites”) consegue explorar toda a tensão que cerca a experiência mal-sucedida e a angústia vivida pelos futuros heróis após o acidente.
A grande virtude do novo “Quarteto Fantástico” é ser um filme que não sobrecarrega o espectador. Não há longas explicações científicas, sequências intermináveis de luta ou as pausas enfadonhas para tentar humanizar a história. São 100 minutos de fluidez, mais que suficientes para dar à franquia um lugar digno entre as transposições para o cinema.
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