Quem diria que os carros turbinados de “Velozes e Furiosos” seriam capazes de bater de frente com a Enterprise e tirar do rumo a gigantesca nave do Capitão Kirk?
É a impressão que fica após a sessão de “Star Trek: Sem Fronteiras”. Justin Lin, diretor de quatro exemplares da franquia dos carrões, fez um filme de sci-fi veloz e furioso, mas sem nada de “Star Trek”.
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Se a ideia era trazer o universo criado por Gene Roddenbery nos anos 1960 para a novíssima geração, o resultado acerta no formato, mas esquece o conteúdo.
A ação é contínua, com explosões, perseguições, lutas, na trama em que a tripulação da Entreprise precisa se virar em um planeta desconhecido onde ameaças não faltam.
Tudo é raso, simplório, uma aventura juvenil que despreza as características que construíram o culto a “Star Trek” e, a suprema das heresias, transforma personagens amados por gerações em garotos sem personalidade
Tudo é raso, simplório, uma aventura juvenil que despreza as características que construíram o culto a “Star Trek” e, a suprema das heresias, transforma personagens amados por gerações em garotos sem personalidade.
A ciência como motor de uma jornada em busca de conhecimento, o questionamento da condição humana mesmo nos confins do universo e a relação entre os carismáticos Kirk, Spock e Dr. McCoy formam o tripé que sustenta a série clássica de TV.
“Star Trek: Sem Fronteiras” é um videogame sem alma, emendando situações de perigo, sem um único instante de reflexão. O filme é tão frustrante que pode até levar a uma revisão crítica dos três longas da retomada que J.J. Abrams imprimiu à franquia.
Hoje, “Star Trek” (2009) talvez não pareça tão bom. A brincadeira de rejuvenescer os personagens funcionou, principalmente por causa do jovem Spock na pele de Zachary Quinto. O filme seguinte, “Além da Escuridão” (2013), é fraco, com exceção do sempre bom Benedict Cumberbatch como o vilão Khan.
Em “Star Trek: Sem Fronteiras”, Kirk, Spock e McCoy aparecem tão descaracterizados que poderiam ser trocados por novos personagens, sem qualquer prejuízo adicional ao filme - que já está prejudicado o bastante.
Aventura rasteira para cinema de shopping, este filme é uma nulidade na cronologia de eventos “Star Trek”.
Por dentro de “Star Trek”
Conheça personagens e curiosidades de uma das ficções científicas mais queridas da cultura pop
- Agência RBS
A série clássica
Criado pelo roteirista Gene Roddenberry (1921 – 1991), o universo Star Trek se passa no século 23, quando a nave Enterprise e sua tripulação embarcam em uma viagem pelos confins da galáxia. Durante três temporadas, o público acompanhou o capitão Kirk (William Shatner) e de seus comandados na busca por novas civilizações e em batalhas contras alienígenas no espaço ou em planetas inóspitos. A produção original durou de 8 de setembro de 1966 a 9 de junho de 1969 e lançou as bases para tudo o que seria derivado do universo de Star trek – de novas séries de televisão a longas-metragens no cinema, passando por livros, quadrinhos e games.
A grande volta
Até o final de 2016, a Netflix promete disponibilizar todos os episódios das principais sagas da franquia na TV. Além da série original, serão postas à disposição “The Next Generation”, “Deep Space Nine”, “Voyager” e “Enterprise”. O serviço de streaming também exibirá a nova série, “Discovery”, que vai ao ar na TV americana em janeiro.
A tecnologia que Star Trek adiantou
Celular
A tripulação da Enterprise conseguia falar com o pessoal que estava fora da nave por meio de aparelhos portáteis de comunicação – nada menos que um hoje prosaico celular, mas que, na década de 1960, era algo totalmente ficcional.
Tablet
Os PADDs (Personal Access Display Device) eram aparelhos nos quais era possível acessar informação de todo tipo e controlar dispositivos à distância. Hoje, atendem pelo nome de tablets e podem ser comprados em qualquer lugar.
Tradutor instantâneo
Conversar com alienígenas não era tarefa simples. Por isso, os personagens sempre tinham à mão um tradutor universal. Dispositivos assim são comuns há muito tempo – embora ainda não traduzam nenhuma linguagem alien...
A Enterprise
A icônica USS Enterprise foi construída no Estaleiro de San Francisco que orbita a Terra. É afiliada à Frota Estelar da Federação Unida dos Planetas e, antes de Kirk, foi comandada por Robert April e Christopher Pike. Carrega uma tripulação de 430 pessoas e conta com 14 laboratórios, um deck de observação, tecnologia de teletransporte e dobra espacial. Entre seus armamentos, estão canhões phaser e torpedos de photon. A nave já foi destruída pelo menos seis vezes – no cinema ou na TV.
Os protagonistas
Kirk
James Tiberius Kirk é o comandante da nave Enterprise. Mesmo impetuoso e adepto de meios pouco ortodoxos de resolver situações de conflito, tem a lealdade e o respeito de seus comandados. Quando o bom senso não é suficiente para impedir que se meta em confusão, Kirk sempre pode contar com os amigos Spock e McCoy. William Shatner encarnou o capitão da Enterprise na série clássica (1966 a 1969) e em seis filmes (1979 a 1991). A nova versão do personagem é vivida por Chris Pine desde 2009 e volta agora aos cinemas.
Spock
Filho de pai vulcano e mãe terráquea, Spock é o segundo em comando na Enterprise. Sua natureza vulcana o impele a tomar decisões guiado sempre pela lógica, o que o torna frio e algo cruel para os padrões humanos. Foi notabilizado por Leonard Nimoy na série clássica (1966 a 1969), nos seis filmes subsequentes (1979 a 1991), em dois episódios da de “A Nova Geração” (1991) e nos dois longas dos anos 2000, “Star Trek” (2009) e “Além da Escuridão” (2013). Neste último, divide a tela com o novo Spock, Zachary Quinto.
McCoy
Chefe da área médica da Enterprise, Leonard Horatio McCoy, o Magro, é amigo de longa de Kirk. Diferentemente de Spock, é movido pela emoção, o que não raro o coloca em conflito direto com o vulcano, ao mesmo tempo em que o torna peso para o outro prato da balança de decisões do comandante da nave. DeForest Kelley (à esquerda) deu vida ao personagem na série clássica (1966 a 1969), em seis filmes (1979 a 1991) e em um episódio de A nova geração (1987). Foi atualizado nos três filmes mais recentes pelo ator Karl Urban.
O grande antagonista
Kahn
Considerado o maior vilão da saga, Khan Singh é um humano geneticamente modificado. Com intelecto e força superiores, deseja a destruição de espécies que considera inferiores para a criação de uma raça perfeita. Foi interpretado por Ricardo Montalban na série clássica (1967) e no filme “A Ira de Khan” (1982). Voltou a fazer maldade no longa de 2013, “Além da Escuridão”, vivido por Benedict Cumberbatch.
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