Depois de 17 anos de ausência, o cinema argentino voltará a disputar o Leão de Ouro no Festival de Veneza, que começa na próxima quarta-feira. O homem por trás do novo fenômeno cinematográfico nacional é o diretor Pablo Trapero, que acaba de estrear “O Clã” (”El Clan”) e, em menos de três semanas, bateu um recordo histórico ao alcançar 1,5 milhão de espectadores, superando até mesmo o espetacular desempenho de “Relatos Selvagens”.
Em seu oitavo longa-metragem, Trapero decidiu, pela primeira vez, contar uma história de época e real: a sinistra vida da família Puccio, que, no começo da década de 1980, sequestrou e assassinou vizinhos do aristocrático bairro de San Isidro, na grande Buenos Aires, onde aparentava ser uma família normal.
Caso é estudado no mundo inteiro
Em “O clã” aparecem os cinco filhos de Arquímedes e Epifania, sua mulher, mas Alexandre rouba a cena
Leia a matéria completaO vertiginoso sucesso de “El Clan” superou todas as projeções de Trapero e de seus sócios locais e internacionais. O filme foi produzido pela Kramer & Sigman Films, Matança Cine (a produtora do diretor) e El Deseo, de Pedro Almodóvar. A distribuição está nas mãos da 20th Century Fox, que prevê chegar aos cinemas brasileiros entre outubro e novembro deste ano.
“O elemento mais atraente desse filme é que ele está centrado nas relações dessa família que, durante a produção, chamávamos de ‘os locos Adams’ argentinos”, diz Trapero, em entrevista na sede de sua produtora, localizada no bairro portenho de Chacarita.
Desde a estreia nos cinemas locais, na primeira semana de agosto, a Argentina mergulhou numa verdadeira “pucciomania”.
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A história contada por Trapero, 30 anos após a prisão de Arquímedes Puccio, o patriarca e autor intelectual e material dos sequestros, cativou o público argentino. A relação entre Arquímedes, que durante anos trabalhou como agente de inteligência (fortemente vinculado a setores militares), e seu filho mais velho, Alexandre, compõe uma das tramas centrais do filme.
Na reconstrução do diretor, baseada em fotos e depoimentos de amigos e vizinhos, o pai mantém uma relação de total dominação sobre o filho, algo que, segundo Trapero, comove espectadores.
[O filme atrai porque] é centrado nas relações dessa família que chamávamos de ‘os locos Adams’ argentinos.
“Peritos que trataram Alexandre na prisão falaram até mesmo numa patologia, uma espécie de síndrome de Estocolmo”, conta o diretor,
Guillermo Francella, que interpreta Arquímedes, já brilhou num papel secundário em “O Segredo de Seus Olhos”. Em “O Clã, transformar-se no vilão foi um desafio. O ator é quase sinônimo de comédia na Argentina, e seus programas de TV, todos humorísticos, sempre alcançaram níveis altos de audiência.
Peter Lanzani é uma estrela da TV local e surpreendeu no papel de Alexandre, que, antes de terminar na prisão, dividia o tempo entre os treinos com seu time de rugby, uma namorada que desconhecia os crimes da família e a participação nos sequestros orquestrados pelo pai.
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