O cineasta franco-polonês Roman Polanski planeja voltar aos Estados Unidos, afirmou nesta quinta-feira (16) seu advogado, que busca garantias para que o diretor não cumpra mais penas de prisão pelo estupro de uma menina de 13 anos.
O premiado diretor de “O Pianista” e “Chinatown” é foragido da Justiça americana há 40 anos, mas assegura ter alcançado um acordo que o manteria fora da prisão, explicou seu advogado, Harland Braun, à AFP.
Sua defesa pediu ao juiz de uma corte superior de Los Angeles que torne públicos documentos que confirmariam o acordo, ao qual teria chegado com o promotor do caso, relatou Braun.
Polanski foi acusado de drogar Samantha Gailey antes de violentá-la na casa de um amigo em 1977, em Los Angeles.
Ele confessou ter tido “relações sexuais ilegais” com uma menor, mas negou o estupro como parte do acordo e ficou 42 dias preso em uma penitenciária do estado da Califórnia, antes de ser libertado.
O diretor afirma que o juiz Laurence Rittenband negou o acordo em 1978 e disse aos promotores que ele devia cumprir pena de 50 anos. O cineasta fugiu para a Europa há quase 40 anos e, desde então, nunca mais voltou aos Estados Unidos.
Passou quase um ano detido na Suíça, em 2009, em uma tentativa dos Estados Unidos de conseguir sua extradição. Passou dez meses em prisão domiciliar até que Berna rejeitou o pedido.
Depois disso, o governo americano pediu à Polônia que o extraditasse em janeiro de 2015, mas a solicitação foi negada em outubro.
Testemunho secreto
A Suprema Corte da Polônia desconsiderou uma apelação em dezembro, declarando que Polanski havia cumprido seu tempo, segundo o acordo da Promotoria e que a Justiça polonesa já não teria participação nesse caso de 1977.
Braun acredita em que esse testemunho secreto apoia a defesa de Polanski de que havia chegado a um acordo de cumprir apenas 48 dias de prisão. Se for reconhecido pela Justiça polonesa, deve convencer as autoridades dos Estados Unidos de que o cineasta já cumpriu sua pena.
“Depois que for confirmado o conteúdo, pediremos à corte que reconheça a decisão polonesa que provém do litígio iniciado pelo promotor”, ressaltou.
“Se a corte aceitar o princípio de cortesia, Roman poderá vir a Los Angeles e à corte sem medo de ir para a prisão”, acrescentou.
“Lamento apenas que tenha tido de esperar tanto tempo. Finalmente poderei me sentir seguro em meu próprio país”, desabafou o cineasta.
Morando na França, Polanski evita ir à Polônia. Agora, espera poder visitar o túmulo do pai, na Cracóvia.
Com uma carreira prolífica como cineasta, ganhou oito prêmios da Academia e várias distinções internacionais. Polanski foi convidado a presidir o César, equivalente ao Oscar na França, no fim de janeiro, mas desistiu depois de vários protestos de grupos feministas.