Nem só de comédias com rostos conhecidos da televisão vive o cinema nacional. Apesar de essas produções serem a tônica dominante no circuito comercial, há muitos outros filmes que fogem dessa fórmula, têm qualidade, mas sofrem na disputa com os blockbusters, passando discretamente pelas salas de cinema e depois se perdendo em meios de distribuição ainda mais restritos.
Se você está em Curitiba, terá nesta semana a oportunidade ver (ou rever) três exemplares da produção nacional da década passada que seguem relevantes: “Casa de Areia”, de Andrucha Waddington, “Ensaio Sobre a Cegueira”, de Fernando Meirelles, e “A Casa de Alice”, de Chico Teixeira. Os três filmes serão exibidos a partir desta quarta-feira (22) na Mostra de Cinema Brasileiro do Museu da Imagem e do Som do Paraná (MIS-PR). As sessões acontecem sempre às 19h30 e, o melhor, de graça.
Conheça a seguir um pouco mais sobre esses filmes e por que vale a pena assisti-los.
Casa de Areia (2005), de Andrucha Waddington
Quem viu no início deste ano o sofrível “Os Penetras 2” é capaz de que não acreditar que o mesmo diretor fez este filme. Um drama denso, com poucos diálogos, todo passado em um cenário desértico e protagonizado por duas das maiores atrizes brasileiras em atividade, Fernanda Montenegro e Fernanda Torres (mãe e filha, e, respectivamente, sogra e esposa do diretor). Elas interpretam mãe e filha que, em 1910, chegam de Portugal com o sonho de viver em terras prósperas. Mas o que encontram é um local cercado de areia, onde constroem uma casa de madeira e vão vivendo ao longo dos anos. Apesar de lenta e contemplativa, a narrativa se sustenta com vigor, amparada especialmente nas interpretações das duas Fernandas. E também tem a belíssima fotografia, que faz do cenário o terceiro protagonista da história.
Ensaio Sobre a Cegueira (2008), de Fernando Meirelles
A obra do escritor português José Samarago (1922-2010) é uma reflexão profunda sobre a humanidade e como seus valores se perdem em uma situação extrema. Transpô-la para as telas foi um desafio e tanto assumido pelo brasileiro Fernando Meirelles, consagrado internacionalmente com “Cidade de Deus”. O cineasta reuniu um elenco estelar e multinacional para narrar a história de um grupo de pessoas que busca a sobrevivência em meio a uma epidemia misteriosa que deixa toda a população cega. Julianne Moore, Mark Ruffalo, Gael García Bernal, Danny Glover e Alice Braga dão vida à trama criada por Saramago, que aprovou a adaptação para o cinema, tensa, angustiante e com uma estética que ilustra perfeitamente o caos imaginado pelo escritor.
A Casa de Alice (2007)
Mais alternativo dos três títulos, marcou a estreia na ficção do paulista Chico Teixeira, que em 2014 foi o vencedor do Festival de Gramado com “Ausência”. O filme não tem atores conhecidos no elenco, mas é um representante respeitável de um segmento importante na produção nacional recente: o dos dramas urbanos, ambientados na periferia das grandes cidades com personagens que dão voz a uma grande parcela da população, a classe média baixa. Alice (Carla Ribas) é uma manicure que vive uma vida ordinária com o marido e três filhos. O cotidiano aparentemente monótono aos poucos vai apresentando novas nuances e revelando alguns segredos.
Mostra de Cinema brasileiro no MIS-PR
De quarta (22) a sexta (24)
Horário: 19h30
Local: Museu da Imagem e do Som (MIS-PR) - R. Barão do Rio Branco, 395
Entrada gratuita
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