Prestes a encarnar Pixinguinha (1897–1973) nas telas, Seu Jorge diz não sentir “a menor pressão”. O ator, cantor e compositor assinou neste mês o contrato para protagonizar “Pixinguinha — Um homem carinhoso”, cujas filmagens estão previstas para acontecer durante um mês, entre janeiro e fevereiro, no Rio.
“Surgiu a oportunidade e eu apenas fiquei feliz. É um desafio que quero cumprir com toda a equipe”, diz Seu Jorge, em entrevista por telefone, de Los Angeles, onde recentemente concluiu turnê em tributo a David Bowie, na qual apresenta releituras de músicas do cantor britânico morto em janeiro (um novo show está marcado para maio de 2017, em Londres).
Seu Jorge tem experiência no cinema, sendo o seu papel mais famoso o de “A vida marinha com Steve Zissou” (2004), de Wes Anderson, no qual aparecia justamente tocando covers de Bowie — o que resultaria no álbum “The life aquatic studio sessions”, no ano seguinte.
Também atuou no thriller “O escapista” (2008), de Rupert Wyatt, com Joseph Fiennes no elenco.
No Brasil, destacou-se em “Cidade de Deus” (2002), de Fernando Meirelles e Kátia Lund, e “Casa de areia” (2005), de Andrucha Waddington, entre outros.
A experiência de filmar lá fora foi preciosa, ele elogia, mas nada como voltar a trabalhar com uma equipe brasileira.
“Sei que a probabilidade de eu fazer outro filme com o Joseph Fiennes, com o Bill Murray [ator de ‘A vida marinha....’] ou com o Wes Anderson é praticamente nula, mas no Brasil eu tenho a chance de reencontrar equipes e realizadores que já conheço. São as mesmas pessoas, gente que luta para levantar o audiovisual nacional, apesar de todas as adversidades. Eu amo demais o cinema brasileiro.”
Pixinguinha
Com lançamento previsto para outubro de 2017, a biografia de Pixinguinha marca a estreia nos cinemas de Denise Saraceni, conhecida pela direção de novelas e seriados da Globo, e tem o roteiro escrito por Manuela Dias (de “Ligações perigosas” e “Justiça”).
Gostava de Pixinguinha desde criança. Ele viveu numa época muito diferente da nossa, e quero explorar como ele adentrou um universo musical sofisticado, mantendo a humildade. Trazer as músicas dele para a nova geração será algo importantíssimo.
Seu Jorge conta que já começou a aperfeiçoar a sua já existente intimidade com a flauta — uma das especialidades de Pixinguinha — para conferir credibilidade à representação do maestro, músico e compositor carioca.
“O fato de eu já ser músico ajuda. Ficarei à vontade nas cenas musicais. Olha só que combo: filmar com música!”, empolga-se o cantor/ator.
“Gostava de Pixinguinha desde criança. Ele viveu numa época muito diferente da nossa, e quero explorar como ele adentrou um universo musical sofisticado, mantendo a humildade. Trazer as músicas dele para a nova geração será algo importantíssimo. O cinema ajuda muito nesse sentido. Para mim, espero sair dessa experiência com aprendizado, como aconteceu na época de ‘A vida marinha...’, quando fiz um curso de mergulho por causa do filme. Todo trabalho cinematográfico oferece a oportunidade de nos trazer ensinamentos para o resto da vida.”
Trilha sonora
Quase 50 músicas já foram concluídas para a trilha sonora de “Pixinguinha”, cuja produção começou em 2012. O projeto foi adiado porque o orçamento precisou ser revisto e aprovado pela Agência Nacional do Cinema (Ancine) — hoje, o valor gira em torno dos R$ 6 milhões.
Taís Araújo viverá Beti, mulher do músico. Lázaro Ramos está em negociação para interpretar o também flautista Alfredo da Rocha Vianna, pai do protagonista.
“É um personagem muito importante, porque foi ele quem deu a flauta ao Pixinguinha e o incentivou a estudar música”, diz o produtor Carlos Moletta. “Queremos colocar músicos de verdade para reproduzir o conjunto Oito Batutas, que Pixinguinha integrava.”
O que me atrai no Pixinguinha enquanto personagem de cinema é o fato de ele ser um negro brasileiro de classe média que teve muito sucesso numa época difícil. Foi bem-sucedido com base na sua competência criativa e profissional, e abriu portas para outros artistas negros. Falar de Brasil e não falar desse tipo de personagem é, de certa maneira, uma injustiça.
O filme vai tocar em períodos-chave da vida do compositor, como infância e juventude, com um foco maior a partir dos anos 1940. Mas a diretora rejeita o conceito de uma “obra histórica”, preferindo chamá-la de “lúdica”:
“Terá drama, humor e, claro, músicas. Mas, basicamente, tentaremos desvendar o temperamento de um artista muito importante para a gente. É um filme focado em suas emoções. O que me atrai no Pixinguinha enquanto personagem de cinema é o fato de ele ser um negro brasileiro de classe média que teve muito sucesso numa época difícil. Foi bem-sucedido com base na sua competência criativa e profissional, e abriu portas para outros artistas negros. Falar de Brasil e não falar desse tipo de personagem é, de certa maneira, uma injustiça.”
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