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Imersão funcionou: diretor brasileiro levou Jia Zhang-ke à Fenyang, sua cidade natal. | Divulgação
Imersão funcionou: diretor brasileiro levou Jia Zhang-ke à Fenyang, sua cidade natal.| Foto: Divulgação

É possível que você nunca tenha ouvido falar de Jia Zhang-ke. Eu, honestamente, conhecia muito pouco sobre o cineasta chinês e ainda não assisti a nenhum de seus filmes. Nada disso, porém, impede qualquer um de ver e se encantar com “Jia Zhang-ke, Um Homem de Fenyang”, documentário dirigido pelo brasileiro Walter Salles que retrata a vida e a carreira de um dos nomes mais importantes do cinema chinês. A produção, exibida na Mostra de São Paulo do ano passado, chega nesta semana ao circuito comercial.

Confira no Guia onde assistir ao filme

A primeira pergunta que podemos nos fazer, antes mesmo de entrar na sala de cinema, é: por que um brasileiro resolveu fazer um documentário sobre um cineasta da China, cujos filmes nem são tão conhecidos pelo grande público? Ao acompanhar a trajetória desvendada no documentário fica fácil entender o fascínio de Salles pela obra do colega. Zhang-ke soube como poucos (ou talvez como ninguém) retratar nas telas as transformações vividas pelos chineses nas últimas décadas.

Para contar essa história, Walter Salles levou o cineasta à sua cidade natal, Fenyang, localizada no norte do país, próximo à fronteira com a Mongólia. Foi nesse ambiente que Zhang-ke cresceu e começou a fazer cinema. Suas obras são calcadas no cotidiano local, de forma tão realista que muitas são faladas no dialeto da região. Acompanhado do brasileiro, ele visita os locais das filmagens e presencia a descaracterização deles.

Nessas visitas, o realizador se confunde com o homem. Zhang-ke reencontra familiares, atores, amigos, revê uma história de vida que parece indissociável dos filmes. A impressão que se tem é que justamente as experiências pessoais tornam seu cinema único. De um encontro nasce um personagem; desse personagem nasce uma história; da experiência de vida surge um filme inteiro.

Impressiona ver a forma como a destruição das cidades próximas à hidrelétrica de Três Gargantas (a maior do mundo) dá origem a “Em Busca da Vida”. Da mesma forma que é impossível não se emocionar com o relato do diretor sobre como “Plataforma”, que narra a transformação de sua geração, foi endereçado ao pai. “Jia Zhang-ke, Um Homem de Fenyang” não é apenas o retrato de um cineasta, mas um exercício sobre a linguagem universal do cinema, em que pessoas e histórias de vida têm mais importância do que recursos técnicos ou estéticos.

Assista ao trailer do filme:

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