O filme Cisne Negro, do diretor Darren Aronofsky, trata dos bastidores da dança, mas vai além: fala também da alma do bailarino, de seus conflitos, angústias e, em alguns momentos, de suas vitórias.
O que causa perplexidade nas pessoas, de modo geral, é que elas não imaginam que o universo da dança é marcado por tanta opressão, assédio e, muitas vezes, neurose. No imaginário coletivo, tem-se a ilusão de que o mundo da dança é um eterno paraíso, pois vemos com frequência bailarinos falarem de seu amor "incondicional" por essa arte tão difícil, porém, imperativa. Para muitos, a Dança é a sua própria vida.
Contudo, vemos no filme uma bailarina transtornada e perfeccionista, interpretada esplendidamente por Natalie Portman. A personagem é pressionada constantemente por sua mãe, que teve seus sonhos frustrados e que quer realizar-se através da filha, o que é muito comum nesse meio. A história mostra também um coreógrafo que desafia uma profissional que há anos não consegue sobressair, e que talvez nem tenha condição psicológica e nem perfil para assumir um papel de destaque.
Histórias como essa não ocorrem somente no mundo da dança, mas em qualquer profissão. São comuns as situações em que o profissional é colocado à prova, tendo de superar seus desafios pessoais e profissionais para alcançar os objetivos impostos. Porém, em muitos casos, tal pressão pode levar algumas pessoas à beira da loucura.
No entanto, a dança é extremamente poderosa, e quem consegue transpor esses imensos obstáculos e sair dos labirintos que a profissão impõe, vai certamente se realizar e perceber que, em cada momento, os desafios são fonte de estímulo para o bailarino querer dançar cada vez mais e melhor.
*Eleonora Greca é primeira bailarina do Balé Teatro Guaíra e coordenadora de dança da Fundação Cultural de Curitiba
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