O Trio Quintina em Cyrk: proposta singular une música e circo| Foto: Elenize/Divulgação

Conforme prometi nesta coluna na semana passada, continuo falando sobre a trinca de DVDs com música paranaense que recebi no último mês. Comecei escrevendo sobre o Viola Quebrada Canta Cascatinha e Inhana. Hoje, Dia da Criança, vocês poderão ler sobre Cyrk, o trabalho músico-teatral-circense do Trio Quintina, para ser visto com os filhos. Na semana que vem, encerro a trinca com o DVD da Camerata Brandão, o trabalho de composições eruditas de Hélio Brandão.

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O projeto de Cyrk – O Circo Musical do Trio Quintina é um espetáculo singular em sua proposta de unir música e circo. Tem uma concepção mais teatral do que de um show. Está mais para um teatro musical. E vai agradar a todas as idades.

Nasceu como um show aprovado no Programa de Apoio e Incentivo à Cultura de Curitiba, via edital de Mecenato Subsidiado, da Fundação Cultural. Depois, veio o projeto de DVD, que registrou as apresentações e seus bastidores, além de trazer entrevistas com os participantes.

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Mas, antes de entrar no DVD em si, vamos falar mais sobre o Trio Quintina. O nome chama a atenção. Trata-se de um trio ou é um quinteto? São as duas coisas e mais que isso. A brincadeira matemática também é uma brincadeira musical. Afinal, a música é a poesia da matemática. Quintina é um termo musical que designa a divisão de cinco notas em um tempo. Uma divisão ímpar, portanto mais complicada para ouvidos de ignorantes musicais como eu, acostumados à divisão par.

A brincadeira na formação do grupo é a de que eles são um trio de músicos que tocavam cinco instrumentos (violão, flauta, percussão, guitarra e voz). Mas isso foi lá em 1997, quando se formaram. Agora podem acrescentar outros instrumentos à lista, como cavaquinho, bateria e saxofone. No espetáculo Cyrk também atuou o "Gorila", ou seja, o músico João Marcelo Gomes. Ele toca contrabaixo acústico e foi o documentarista dos bastidores do DVD.

O grupo já tem cinco CDs lançados e este Cyrk é o segundo DVD. Sem dúvida o melhor deles, reunindo a música e o circo, com muita presença cênica e participação especial do performer circense Yamba Daher Canfield.

A aproximação da música com o teatro aparece desde a concepção do espetáculo. Foram escolhidos profissionais teatrais para a direção cênica (Marcelo Abreu) e cenografia (Fernando Marés), além da participação muito especial do Yamba. Cada um desses é um autor. Deles e do trio surgiram as ideias que montaram o espetáculo para além da música. Deu muito certo. Mas, falando assim, parece que a música é apenas um detalhe em tudo, o que não é a ideia correta. A música é o personagem principal.

São 14 canções e uma vinheta durante o show. É preciso dizer para quem ainda, incrivelmente, não conhece o Trio Quintina, que eles são exímios instrumentistas e compositores inspirados. Além das músicas próprias, são interpretadas canções de outros autores, mais conhecidas, como "Piruetas" (se colocarmos o início da letra, vocês vão lembrar: "Uma pirueta, duas piruetas, bravo, bravo") e "História de uma Gata" ("Nós gatos já nascemos pobres / Porém, já nascemos livres" – as duas do trio Enriquez - Bardotti - Chico Buarque).

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O resultado é um DVD maravilhoso, para ser visto e ouvido a qualquer hora do dia, sozinho ou acompanhado. Para tocar em festa ou antes de dormir. Ah, e afinal, hoje é o Dia da Criança e este trabalho pode e deve ser visto por crianças. É atraente, misterioso, emotivo, catártico, engraçado, tenso, bizarro. Tudo como um circo deve ser, ou como um espetáculo músico-teatral deveria ser.

Para quem se interessar – e espero e aconselho que se interessem, fica a dica.

Assista a vídeo em www.gazetadopovo.com.br/blog/sobretudo