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A volta do boêmio: a elegante voz de veludo de Nascimento | Marcelo Elias/Gazeta do Povo
A volta do boêmio: a elegante voz de veludo de Nascimento| Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo

Ele está na praça outra vez. Cantor com voz de veludo, andar gingado e elegante. O proverbial dedal amarelo no polegar direito para tocar os bordões e a malícia cool dos boêmios do Norte Pioneiro.

Este é o seresteiro Nascimento, que vai lançar seu novo disco amanhã, a partir das 20 horas, durante uma apresentação no Bar do Ligeirinho (Al. Dr. Carlos de Carvalho, 120, Centro), uma das esquinas mais tradicionais da boemia curitibana.

Não poderia haver, aliás, local mais apropriado. Entre uma porção de testículo de touro ou cauda de jacaré (algumas das másculas especialidades do cardápio da casa) com batida de limão com amargo, cria-se a atmosfera nostálgica perfeita para apreciar as dezoito canções do disco Nascimento Interpreta Serestas Volume 2 (Comubra Discos). O repertório é composto por clássicos da saudade, de compositores como Adelino Moreira, Vanzolini e Benedito Lacerda.

Entre outras tantas dezenas de canções do inesgotável baú do artista, estará também, com certeza, sua composição de maior sucesso, "Pedaço de Minha Vida", gravada em 1976 por Mato Grosso & Mathias e que valeu um disco de ouro para a dupla sertaneja.

Nascido em Cambará, Nascimento é uma lenda dos bailes do estado – foi descoberto e apadrinhado pela dupla Nhô Belarmino e Nhá Gabriela, fez sucesso no rádio, em disco e em shows pelo Paraná afora desde a década de 1960. Nos anos 1970, baile que se prestasse tinha que ter animação da dupla Nascimento e Zeloni.

Ainda que na música sertaneja tenha conhecido o êxito, a seresta é a verdadeira praia do cantor. "A seresta está no sangue", explica. "Minha linha é a do boêmio saudosista. Lá no interior, me perguntavam como fazia para conquistar tal mulher. Eu dizia ‘é só tocar uma serenata’, então era contratado para fazer isso", entrega o ouro.

Pois é mais ou menos o que vai rolar amanha. Uma serenata para quem ainda tem peito para encará-las.

Encrenca

A melhor novidade do ano mercado editorial da cidade é a criação do selo Encrenca – Literatura de Invenção. A editora "que se fez por si mesma", como têm apregoado seus idealizadores, uma quadra formada pelos escritores Otavio Linhares (editor da revista Jandique) e Luiz Felipe Leprevost e pelos editores Thiago e Frede Tizzot, donos da Livraria e Editora Arte & Letra.

Juntos, ele definiram a identidade do selo que nasce, desde o nome, como uma homenagem à memória de Manoel Carlos Karam (1947-2007).

Segundo os "encrenqueiros" a ideia é publicar "literaturas inventivas que apostem na singularidade, que tratem de temáticas originais, lancem-se na empreitada de construir mundos propiciados por obras voltadas para a transubstanciação do verbo, literaturas que, afinal, redimensionem o conhecido, inventem o jamais visto".

Ou seja, seguir a tradição de publicações ousadas, inovadoras, artesanais e provocadoras que fizeram história em Curitiba, perpetradas por Jamil Snege, Valêncio Xavier, Wilson Bueno, Paulo Leminski, além de Karam, claro.

Com projeto gráfico de Frede Tizzot, os livros do selo Encrenca trarão sempre a capa assinada por um ilustrador ou artista visual.

Os três primeiros títulos que serão publicados nos próximos meses são Réquiem para Dóris, do "pelebrói" Oneide Diedrich (com capa e ilustrações de Benett), Salvar os Pássaros, de Luiz Felipe Leprevost (com capa de Isabele Linhares) e Pancrácio, de Otavio Linhares (com capa e ilustrações de Daniel Gonçalves). Que sejam bem-vindos.

Rodízio

A partir desta quarta-feira, passo a revezar a coluna Acordes Locais com seu criador, Luiz Claudio Soares.

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