Se me perguntarem qual a melhor roda de samba de Curitiba, direi vaidoso e apressado que é a minha: a bissexta, mas infalível batucada que acontece quando calha na Mercearia Stella, no Água Verde.
Trata-se de um catado entre alguns astros da casa e algumas peças-chave do Gente Boa da Melhor Qualidade. Coisa fina. Meu colega, José Carlos Fernandes, melhor pena da praça, já disse muito sobre o nobre e mítico endereço em uma de suas crônicas de sextas-feiras na Gazeta do Povo (vale uma busca agora).
E até rebatizou o espaço para "República Democrática do Bar do Toninho". É, com efeito, um regime aberto a tudo, com exceção de chatos e deslumbrados. Se você não faz parte de nenhum dos grupos defesos está convidado a conhecê-lo.
Voltando a falar de samba, e agora falando sério e sem puxar brasa, é claro que a resposta certa para a pergunta da primeira linha só pode ser a grandiosa roda do Samba do Sindicatis.
Nesta última segunda-feira, quem não enforcou o Tiradentes e ficou na cidade pôde sentir na pele. No melhor astral possível, o Sindicatis recebeu o cantor, compositor e pesquisador Tuco Pellegrino para uma roda da pesada no Quintal da Maria Louca (Outro Bar).
O sambista paulista é, entre outras, parceiro de mestres como o portelense Waldir 59 e o mangueirense Nelson Sargento.
Foi a grande festa do fim de semana prolongado. O quintal que abriga o bar é muito simpático e sem vizinhos. Seu espaço ficou pequeno para a centena de pessoas que marcaram presença e o samba, de primeira, como sempre, pôde rolar por horas.
Para quem não conhece e nem ouviu falar, dá pra dizer que o Samba do Sindicatis é uma clássica roda de samba que se forma a cada quinze dias na cidade. Como o nome insinua, reúne "bacharéis, doutores e diplomatas" da fauna sambista local. Com a ortoépia e prosódia do Mussum, é claro.
O grupo tem ligação espírito-umbilical com outros dois projetos que movimentam a cena na cidade. O Samba do Compositor, que acontece às segundas, no TUC, e em cuja roda está boa parte da turma do Sindicatis.
E o Samba da Tradição, mistura de festa e pesquisa histórica com homenagens às maiores personalidades do samba da cidade. É a turma do Sindicatis quem segura a brasa, sempre nos últimos domingos do mês, na Sociedade Treze de Maio.
As matinadas do Tradição aliás, são uma das oportunidades de ver o Sindicatis ferver. Outros locais que recebem regularmente a roda grandiloquente são o bar SantoMé, (em frente à Treze de Maio), ou o lendário Bar Botafogo, nas Mercês, entre outras casas esporádicas. Para saber exatamente quando, é bom seguir as páginas dos caras nas redes sociais. Ou se guiar pelo som do batuque redondo e inconfundível.
Eu afirmo sem medo de errar que é a melhor roda de samba que surgiu nestas paragens. Tão boa quanto as melhores que existem pelo país.
No repertório, números de sucesso nacional e belos sambas esquecidos. Dos mais conceituados aos mais obscuros sambistas que andaram pelo Brasil, além de sambas paranaenses de todos os tempos.
Recentemente, boa parte da moçada foi para o Rio de Janeiro e participou de rodas e partidos com a nata da bambarada local. Deixaram a turma embasbacada. Sem querer abafar ninguém, o Sindicatis mostrou que também faz samba da melhor qualidade.
Os "concertos" são gravados e e podem ser ouvidos no link http://www.mixcloud.com/Sindicatis/
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