| Foto: Ricardo Humberto/Especial para a Gazeta do Povo

Quando Antonín Dvořák chegou aos Estados Unidos, no comecinho do século XX, meio que com a missão de ensinar aos compositores americanos como é que se cria uma música clássica “nacional”, ou “nacionalista”, ele foi estudar. Quis aprender.

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Com o passar do tempo o sujeito ficou tão entendido em música negra e indígena dos Estados Unidos que o movimento lento da sua Nona Sinfonia (chamada “do Novo Mundo”), foi adaptado e virou uma canção religiosa afro-americana tão autêntica e de tanto sucesso que a partir daí muita gente passou a achar que a tal canção (conhecida por “Goin’ Home”) é que inspirou a sinfonia.

(Nota: sabia que “All by myself” vem de Rachmaninoff? E “Não chores por mim, Argentina” vem de Brahms!)

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Uma das coisas que Dvořák leu foi um livrinho escrito por certo Johann Tonsor, com transcrições de canções negras. Grande serviço, Johann! Os temas fizeram a cabeça do tcheco e ajudaram a dar forma a todo um movimento de incorporação dessa música trazida pelos escravos.

Só que Johann Tonsor não existia. Era um pseudônimo.

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Tonsor era uma mulher: uma professorinha do Kentucky que, mais do que esperta, usava um nome de homem (e alemão!) pra escrever sua crítica e seus trabalhos pioneiros de antropologia musical.

Só isso já podia ter bastado para dar um belo de um significado para a curta vida de Mildred Hill, que morreu com 56 anos, em 1916.

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Só que ela tinha uma carta na manga. Pois Mildred Hill é simplesmente a compositora mais conhecida do mundo, apesar de talvez você não saber.

Sua irmã, Patty, era professora de pré-escola e um dia, no final do século XIX, pediu para Mildred criar uma melodiazinha pra ela cantar com as crianças no começo do dia letivo. A letra era bem simples e repetitiva, e só dizia “Good morning to all”. Bom dia a todos.

Mildred escreveu uma coisa bem quadradinha e super chiclete. E a irmã começou a cantar com as criancinhas todo dia.

Coisa de dez anos depois, Patty decidiu fazer uma adaptação na letra, mantendo a melodia como estava, e usar a canção pra outra finalidade. E aí, pessoal, a coisa explodiu. Hoje, a melodia de “Good Morning to All” é conhecida virtualmente no mundo inteiro, com cada língua tendo a sua tradução. Com todo mundo cantando junto alguma vez na vida.

Aqui no Brasil a obra das irmãs Hill se chama “Parabéns pra você”.

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