“Fora, Dilma!”, berravam uns tantos antes da apresentação de Queen + Adam Lambert no Rock in Rio, na última sexta-feira. Aliás, coitado do Freddie. Pelo que vi da tevê, falta feijão ao moço saído do American Idol, que até canta direito, mas acha que uma performance pode se resolver no visual e nas reboladinhas.
“Fora, Beto Richa!”, gritavam uns tantos durante a apresentação de BNegão & Os Seletores de Frequência na Rua XV, em Curitiba, na tarde-noite do último sábado. O carioca citou os professores do Paraná, atacados pelo governo do estado no dia 29 de abril.
O Rock in Rio contava com apenas dois tipos de ingressos: R$ 350 (inteira) e R$ 175 (meia-entrada). Vendeu tudo. Cem mil bilhetes foram comercializados antes mesmo do anúncio das atrações principais – o primeiro dia também teve show de The Script (emo brega com influência celta desfigurada, um troço horrososo) e One Republic (Coldplay com dose extra de Rivotril, imagine). Se você estava em casa na sexta à noite, também teve a chance de ver Dinho Ouro Preto fazendo cara de mau e os peitos caídos da Mart’nália. Rock? In Rio?
Cinco mil pessoas, de acordo com as contas da prefeitura, assistiram ao show de BNegão & Os Seletores de Frequência sem pagar um tostão. Era outro capítulo do projeto “Cultura na Rua”, um dos mais bacanas desta gestão da Fundação Cultural de Curitiba. O som estava ruim. Num certo momento ouvia-se somente o baixo de Fábio Kalunga; em outro, a coisa transformou-se numa maçaroca completa. Mas é BNegão.
O rapper tocou seu último disco na íntegra – funk, surf rock, hip hop e samba -- e fez um bis bem grande, em que cantou “O Mundo (Panela de Pressão)”, “Sintoniza Lá” e “A Verdadeira Dança do Patinho”, já um pequeno hino, que se apropriou da ironia vigente para detonar o que acontece de absurdo. “Você que acredita no ouro nacional/ Chegou a sua hora isso é fenomenal/Você que acredita no que falam na tevê/Dá seu dinheiro pro pastor pra fazer sua fé valer.”
A música é importante também porque serve como canal de distribuição afetuoso de mensagens potencialmente transformadoras. Nos identificamos verdadeiramente com alguns artistas não só pelo que fazem no palco, mas pelo que pensam fora dele – exceto por Bono Vox, que virou um mala.
Se quem foi ao Rock in Rio não estava nem aí para as bandas, imagine com a notícia de que o evento abriu mão dos R$ 12 milhões que esperava captar através da Lei Rouanet. Isso para poder aumentar o valor dos bilhetes de R$ 260 para R$ 350 sem precisar se explicar para o governo.
No Brasil, o rock se divorciou da política. Em tempos efêmeros, há somente vômitos de descontentamento pessoal, repetidos do palco à plateia e vice-versa. Mesmo assim, uns fazem muito mais sentido que outros. Né, patinho?
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