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Reencontro antigos colegas e, enquanto eu me espanto com seu envelhecimento, eles perguntam qual meu segredo para não envelhecer. Além de fatores genéticos, desconfio que a resposta está em 1968, quando eu levantava antes do sol para o Tiro de Guerra, à tarde era re­­pórter de jornal, à noite estudava Letras e, nas horas vagas, era representante da UNE, ajudava a organizar o Festival Universitário, dirigia e/ou atuava em três peças de teatro, além de ter tarefas todo dia no partido clandestino e no Movimento Estudantil.

Dormia poucas horas por noite, e acho que só não me estressei porque, entre os muitos livros que lia, um foi Os Quatro Gigantes da Alma, de Mira y Lopes. Ali aprendi uma técnica muito simples para descanso: deitar ou sentar comodamente, deixando o corpo "afundar", respirando longamente, focando a atenção nas narinas, relaxando a testa e o maxilar, e imaginando os olhos como duas bolas negras a navegar numa negra imensidão.

Passei a fazer isso desde então, após o almoço, durante uns vinte minutos. O corpo descansa e o cérebro renasce. Eu não sabia estar fazendo o que se chama de meditação transcendental, palavras que confundem muita gente, pensando tratar-se de coisa mística, quando é apenas relaxar e não pensar em nada.

Agora, o deputado Alex Canziani (que assim curou-se de uma crônica enxaqueca), quer colocar a meditação nas escolas, talvez com o nome de A Hora do Silêncio, para evitar rejeição. O cineasta David Lynch mantém uma ONG semeando essa ideia pelo mundo.

Centenas de universidades e escolas já adotaram a Hora do Silêncio, comprovando o que muitas pesquisas médicas indicam: aumenta o rendimento escolar, a produtividade e o bem-estar físico e mental.

Nas escolas brasileiras pioneiras do método, praticado pelos alunos simplesmente sentados em suas carteiras, sem necessidade de qualquer aparato ou custo, o resultado mais imediato é a melhora radical na disciplina e no rendimento escolar.

A agressividade recua, e afetividade aflora. A atenção aumenta, a distração diminui.

Assim, centrado e focado, também se aclara a opção vocacional para o jovem antes confuso, que passa a se ver por dentro.

Canziani procura diretores e professores interessados em adotar A Hora do Silêncio, que não precisa de qualquer investimento, apenas vontade e sinceridade. Sim, pois os jovens saberão se está sendo sincero quem os estiver convidando para relaxar o corpo e silenciar a mente. Depois, sentindo os efeitos, rapidamente se tornarão adeptos da serenidade certeira, da autoestima confiante, da visão clara e da disposição produtiva conseguidas pela meditação.

Há tantos clamores e lamúria sobre a indisciplina escolar, e muito poucas providências concretas, até porque a perplexidade dos educadores é muito grande e os problemas muito emergentes.

Acontece que nunca existiram jovens com tanta informação e tanta desconfiança do mundo que recebem, eivado de corrupção, desvalores e competição cega. Sem saber no que crer, e sem ver sentido na vida, revoltam-se contra tudo e todos.

O silêncio interior pode ser o caminho para a auto-recuperação e trabalho em grupos, em vez da grupal indisciplina e vandalismo.

Se não tiverem preconceitos, os educadores e pais têm um caminho certo, silencioso e espantosamente eficaz; consultem a internet e boa sorte!

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