| Foto: Ingrid Skåre/

Fui enviada para o banco no jogo da maternidade. A escola desaprova a mastigação do bebê, que não foi suficientemente estimulada por mim, mea culpa . Eu sabia que desde os 7 meses precisava ir dando umas comidinhas menos pastosas, mas e o medo que engasgasse? Não dei. E depois, ela tem muito mais gengiva que dente. Mas a informação foi parar na reunião de pais da escola.

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Como dizia, banco pra mim, quem sou eu para escrever aqui sobre maternidade. Então sugiro mudarmos o canal para algo bem diferente, e não posso pensar em algo menos maternal que o teatro de Henrik Ibsen.

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A sisudez, a barba branca esquisita de pioneiro do Oeste americano, o texto chato apelidado de burguês, tudo isso colou no homem como chiclete. Nos países de fala inglesa ele vem logo abaixo de Shakespeare, mas no Brasil nunca decolou. As montagens hoje priorizam Casa de Bonecas pela questão do feminismo (como a versão em cartaz em São Paulo com Helena Ranaldi entre anões), e pouco mais que isso.

Mas por baixo da rigidez há sempre alguma ternura. Quem disse que Ibsen não teve influências familiares, e um coração? Ninguém pode alegar uma personalidade isenta de traumas, repercussões e projeções... Dizem que a vida começa aos 40, mas o substrato dela se forma lá na tenra infância.

Pois bem, a falência do pai do pequeno Henrik. A elegância da mãe. Um filho tido com a empregada do patrão, que ele nunca teria visto, mas ajudado financeiramente.

Nada disso é óbvio em peças como Peer Gynt e Um Inimigo do Povo. Aliás, muitos teóricos desaprovam esse prazerzinho biografista que nós temos, de encontrar pistas sobre a vida do escritor em sua obra. Tanto faz. Ficção é ficção, mas quem a escreve é um ser humano que parte de um conjunto de experiências e de uma imaginação forjada por elas.

Outras peças de Ibsen parecem, repito, parecem indicar suas neuras. Um filho morto surge em A Dama do Mar, O Pequeno Eyolf e O Pato Selvagem.

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Uma questão onipresente é a da liberdade: de trabalho, de relacionamento, de pensamento político. São quase como bandeiras. Aliás, são bandeiras declaradas.

Em tempo, tudo na vida do bebê é proporcional ao seu tempo de vida. Então o tempo de aprendizagem que para nós (por exemplo, usar uma nova ferramenta de internet) é de duas ou três semanas, para eles (no caso, mastigar) é de duas ou três horas. Bebê já mastiga toda a papinha pedaçuda.