Dia desses uma senhora de uns...70? Espero que ela não leia esta coluna. Enfim, de mais de 60, me disse que crianças gostam mais dos homens porque não são eles que ficam o dia inteiro tentando passar cotonete no nariz do serzinho, trocar a fralda, cortar as unhas etc.
Na hora pensei que ela está por fora, hoje os pais participam de igual para igual. Na verdade, esse tipo de coisa que eu citei sobra mais para as mães mesmo, mas é inegável que nas últimas décadas o perfil de pai mudou muito.
Minha prima é uma das felizardas que podem dizer: “Ele faz tudo! Só não dá o peito porque não pode.” Disse isso enquanto degustava um chazinho com a família, o maridão em casa com a princesa de dois meses.
No outro extremo, deve ter aqueles que entregam para a mãe ao menor chorinho. Mas não conheço.
Grande parte são paizões que não têm mais medo de fralda com número 2 e fazem questão de estar junto no banho. Não são raros aqueles que dão banho sozinhos. Aquela atrapalhação de filmes como “Três Solteirões e um Bebê” é coisa do passado.
O problema é que, com a entrada dos homens na tomada de decisões sobre os filhos, nós mulheres passamos a dividir questões que antes eram prerrogativa nossa. E isso requer muita inteligência emocional. São coisas como, por exemplo, o pijama com que o bebê vai dormir. Não estou brincando. Nessas noites curitibanas, em que nunca se sabe se vai ficar só friozinho ou se vai gear e as janelas amanhecerão suando, esse é assunto do mais alto nível, correspondente ao que seria numa empresa a abertura de capital ou algo do gênero.
Fim do exagero, de volta à realidade. A marca das fraldas. O apelido carinhoso. A temperatura da água. Dar ou não bolacha. Tudo isso entrou na pauta dos casais.
E tem mais: a quantidade de ceroulas por baixo da calça, quanto insistir com a papinha rejeitada, chupeta pode ou não pode, horário de visitas.
A amamentação, quando entra na roda, é um tema sensível, já que envolve o corpo da mulher e o relacionamento tão próximo com a criança.
E como é praticamente impossível o casal concordar plenamente em questões tão metafísicas quanto o horário em que o bebê deve dormir, a criação de filhos hoje em dia ficou mais fácil devido à divisão de tarefas, mas passou a exigir ainda mais paciência das três partes envolvidas.