Se formos dividir uma grande cidade em motoristas, ciclistas e pedestres, a melhor ilustração seria um cabo de guerra: a convivência parece um verdadeiro teste de força. Ninguém parece se entender, e qualquer benesse para um ou outro é visto como uma afronta.
É nessa disputa que começa o documentário “Bike vs Carros”, em cartaz em Curitiba – tente arranjar um tempo essa semana para ver a produção sueca, dirigida por Fredrik Gertten.
Antes que você pense que o filme é sobre cicloativismo, explico: o diretor traz um panorama do caos no trânsito e infraestrutura urbana em grandes capitais do mundo. Não é a demonização do carro. Mas Gertten nos faz entender o quanto a indústria automobilística influenciou políticas públicas, e até ajudou a piorar algumas cidades.
Um exemplo é a Califórnia: em 1900, uma grande ciclovia ligava um extremo ao outro. Hoje, autoestradas e um trânsito infernal dão a cara da cidade dos anjos, onde os deslocamentos de carro, pasmem, são usados em sua maioria para percorrer menos de cinco quilômetros. Os ciclistas, raros e resistentes, precisam carregar bikes por escadas em alguns trechos.
Mais assustador é o depoimento do então prefeito de Toronto, no Canadá, Rob Ford: ele se elegeu, por ampla maioria, com a promessa de que iria acabar com a “guerra contra os carros” na cidade. Retirou ciclovias, diminuiu impostos para veículos, e pareceu não se importar nada com os atropelamentos frequentes.
O documentário também passa por São Paulo. Entrevista ciclistas, especialistas, e pega o início da implantação da ciclovias pelo prefeito Fernando Haddad. Do dia para noite, ele retirou nada menos do que 40 mil vagas de estacionamento nas ruas. Seu projeto ganha simpatia e antipatia nas mesmas proporções, mas segue adiante: até o fim desse ano, a meta é concluir 400 quilômetros de ciclovias.
O filme não deixa de lado Copenhague, capital da Dinamarca e utopia dos ciclistas. Três em cada quatro habitantes têm uma bicicleta, e a infraestrutura é invejável. Garret foi por outro caminho, e entrevistou um taxista da cidade. A fala arrancou risos da escassa plateia: ele simplesmente tem muita dificuldade de trabalhar, pois, segundo ele, os ciclistas não têm limites, ficaram “mimados” com os benefícios. Não é, claro, o espaço adequado que deixa ciclistas desrespeitosos. No entanto, o depoimento traz o grande x da questão: a peça mais urgente em falta no trânsito é a tolerância.
“Bike vs Carros” está em cartaz no Espaço Itaú de Cinema, com sessão às 19h30.
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