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O Dentista Mascarado
No ar às sextas-feiras, depois do Globo Repórter, na TV Globo.
Pense em um profissional impopular no nível de políticos, juízes de futebol ou das "periquitas" do EstaR. Assim são os dentistas, com seus aparelhinhos aterrorizantes e aquela certa dose de sadismo inerente à atividade. Portanto, a ideia de transformar um dentista em super-herói (que durante o dia combate cáries, placas e tártaro e à noite saca seus instrumentos e vira uma espécie de "Inspetor Bugiganga" contra o crime) soava esdrúxula antes mesmo da estreia de O Dentista Mascarado, nova série assinada pelo casal Fernanda Young e Alexandre Machado, no dia 5 de abril.
A aposta da TV Globo era de que o texto com a "grife" Young/Machado responsável pelo megassucesso Os Normais e por tiros menos certeiros, como Separação?! e Macho Man , catapultado pela interpretação de monstros do humor como Marcelo Adnet, Leandro Hassum, Diogo Vilela e Otávio Augusto, uma produção caprichada e a direção de José Alvarenga Jr., cairia imediatamente no gosto do público por mais bizarro que fosse o argumento, e ainda que não provocasse as "gargalhadas" prometidas por Fernanda Young na coletiva de lançamento da atração, em março.
Um mês e cinco episódios depois, as gargalhadas não vieram, a audiência patina, e a direção da emissora decidiu não prolongar a agonia: o programa não terá uma segunda temporada. A principal razão para o naufrágio do Dentista é o roteiro, que engessa não só Adnet, que virou ídolo com seu humor espontâneo na MTV, mas também outros bons improvisadores, como Diogo Vilela e Leandro Hassum. As piadas são fracas, os diálogos não são afiados como nos bons tempos dos Normais, e as situações, que supostamente deveriam esbarrar no non-sense inspirado, são apenas bobas.
A impressão é de que Fernanda Young e Alexandre Machado estão se levando muito a sério como redatores pecado mortal para quem escreve comédia. Dá até para imaginá-los às gargalhadas com cada tirada que criam para o texto mas, quando a piada sai do papel e se materializa na telinha, a coisa muda de figura.
E não há talento dramatúrgico, capacidade de direção ou produção que salvem um roteiro ruim pelo menos em se tratando de humor. Adnet, Hassum, Vilela, Otávio Augusto e até a grata surpresa Taís Araújo (lançada na fogueira como a camaleônica vigarista Sheila) fazem o que se espera deles, defendem seus personagens como podem. Tampouco cabem ressalvas à condução de Alvarenga ou aos recursos técnicos à disposição, com direito a externas noturnas, efeitos especiais e cenas de ação dignas das melhores produções policiais da casa. O problema é o script.
A boa notícia é que, com o fim de O Dentista Mascarado, Marcelo Adnet ficará livre para fazer o que sabe melhor: criar as próprias piadas, sátiras e imitações. Ele inclusive já manifestou no Vídeo Show a vontade de atuar na área de Jornalismo e Esporte, e a própria Globo sinalizou que pode criar um programa para o humorista no segundo semestre. Porque a tão esperada estreia de Adnet na Globo ainda não aconteceu...
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