Marcelo Adnet (Dr. Paladino) e Taís Araújo (Sheila) em cena: projeto não decolou| Foto: TV Globo / Estevam Avellar

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O Dentista Mascarado

No ar às sextas-feiras, depois do Globo Repórter, na TV Globo.

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Pense em um profissional impopular – no nível de políticos, juízes de futebol ou das "periquitas" do EstaR. Assim são os dentistas, com seus aparelhinhos aterrorizantes e aquela certa dose de sadismo inerente à atividade. Portanto, a ideia de transformar um dentista em super-herói (que durante o dia combate cáries, placas e tártaro e à noite saca seus instrumentos e vira uma espécie de "Inspetor Bugiganga" contra o crime) soava esdrúxula antes mesmo da estreia de O Dentista Mascarado, nova série assinada pelo casal Fernanda Young e Alexandre Machado, no dia 5 de abril.

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A aposta da TV Globo era de que o texto com a "grife" Young/Machado – responsável pelo megassucesso Os Normais e por tiros menos certeiros, como Separação?! e Macho Man –, catapultado pela interpretação de monstros do humor como Marcelo Adnet, Leandro Hassum, Diogo Vilela e Otávio Augusto, uma produção caprichada e a direção de José Alvarenga Jr., cairia imediatamente no gosto do público – por mais bizarro que fosse o argumento, e ainda que não provocasse as "gargalhadas" prometidas por Fernanda Young na coletiva de lançamento da atração, em março.

Um mês – e cinco episódios – depois, as gargalhadas não vieram, a audiência patina, e a direção da emissora decidiu não prolongar a agonia: o programa não terá uma segunda temporada. A principal razão para o naufrágio do Dentista é o roteiro, que engessa não só Adnet, que virou ídolo com seu humor espontâneo na MTV, mas também outros bons improvisadores, como Diogo Vilela e Leandro Hassum. As piadas são fracas, os diálogos não são afiados como nos bons tempos dos Normais, e as situações, que supostamente deveriam esbarrar no non-sense inspirado, são apenas bobas.

A impressão é de que Fernanda Young e Alexandre Machado estão se levando muito a sério como redatores – pecado mortal para quem escreve comédia. Dá até para imaginá-los às gargalhadas com cada tirada que criam para o texto – mas, quando a piada sai do papel e se materializa na telinha, a coisa muda de figura.

E não há talento dramatúrgico, capacidade de direção ou produção que salvem um roteiro ruim – pelo menos em se tratando de humor. Adnet, Hassum, Vilela, Otávio Augusto e até a grata surpresa Taís Araújo (lançada na fogueira como a camaleônica vigarista Sheila) fazem o que se espera deles, defendem seus personagens como podem. Tampouco cabem ressalvas à condução de Alvarenga ou aos recursos técnicos à disposição, com direito a externas noturnas, efeitos especiais e cenas de ação dignas das melhores produções policiais da casa. O problema é o script.

A boa notícia é que, com o fim de O Dentista Mascarado, Marcelo Adnet ficará livre para fazer o que sabe melhor: criar as próprias piadas, sátiras e imitações. Ele inclusive já manifestou no Vídeo Show a vontade de atuar na área de Jornalismo e Esporte, e a própria Globo sinalizou que pode criar um programa para o humorista no segundo semestre. Porque a tão esperada estreia de Adnet na Globo ainda não aconteceu...

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