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House of CardsNetflix (www.netflix.com)

Órfã desde o fim de Breaking Bad, dia desses estava zapeando pelo catálogo da Netflix (serviço de tevê pela internet) à procura do seriado perfeito quando me deparo, na lista de sugestões que o serviço personaliza de acordo com o que o usuário costuma assistir, com House of Cards. "Drama político", descrevia a sinopse. Decidi arriscar, e desde então Frank Underwood ocupa o vazio deixado por Mr. White e Jessie Pinkman.

Escrita por Beau Willomon e dirigida por David Fincher, House of Cards foi a primeira investida da Netflix na produção de conteúdo original. E aí surge uma grande vantagem: suas temporadas são disponibilizadas na íntegra de uma vez só – nada daquela angustiante espera pelo episódio da semana seguinte. Em fevereiro foi lançada a segunda, e para 2015 já está confirmada a terceira.

A trama de House of Cards, adaptada do livro homônimo de Michael Dobbs, acompanha a trajetória de Frank Underwood (Kevin Spacey), um congressista democrata que lidera a maioria da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos. Depois de ser preterido para o cargo de Secretário de Estado pelo novo presidente eleito, ele decide se vingar de todos que, acredita, o traíram, e passa a arbitrar um jogo de manipulação e conspiração política. Enquanto orquestra sua vingança, compartilha com o espectador impressões sobre o centro político de Washington. O diálogo que Frank estabelece com quem o assiste, rompendo a barreira da quarta parede – conceito do teatro referente a um muro imaginário entre o palco e a plateia – é mais uma ótima sacada da série.

House of Cards é, acima de tudo, sobre poder. No início da primeira temporada, Frank ensina ao espectador sua primeira lição: poder é mais importante que dinheiro – enquanto o dinheiro eventualmente acaba e leva o homem à decadência, o poder o mantêm em pé.

Ao lado de Frank está sua esposa Claire (Robin Wright), diretora de uma entidade de caridade. Os dois mantém uma união sólida e honesta. Claire é essencial para compreender Frank. Ela é seu cúmplice mais leal e não só compartilha de sua ambição, adotando a mesma estratégia agressiva no meio corporativo em que atua, como realmente deseja que seu marido seja manipulador, vingativo e poderoso – isso a atrai. Se há amor entre os dois, não sei; fidelidade, nem sempre; mas lealdade, há.

Outra figura feminina importante para a trama e que traz à baila o jornalismo investigativo é Zoe Barnes (Kate Mara), jovem repórter desesperada para se destacar na editoria de política. Zoe também quer sua cota de poder e para tanto propõe uma duvidosa parceria com Frank, sem saber que está se comprometendo com um Garganta Profunda muito mais perigoso do que aquele que orientou os colegas de imprensa Woodward e Bernstein no caso Watergate.

Ao longo da primeira temporada, Frank orquestra suas ações em busca de poder da mesma maneira que uma aranha tece sua teia: perversa e pacientemente, ele constrói um emaranhado de relações e armadilhas políticas e espera que suas presas caiam nelas. E todos caem. E como todo bom vilão, além de dissimulado e impiedoso, Frank também é persuasivo – a ponto de o espectador desejar que ele seja exatamente assim.

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