Séries sobre crimes não elucidados podem ser uma panaceia para quem vive de expectativa e um vício para quem é ansioso. The Killing, cuja quarta e última temporada estreou no Netflix no início de agosto, dá conta dos dois casos.
Remake digno de uma série dinamarquesa chamada Forbrydelsen, a trama se desenrola a partir do assassinato da jovem Rosie Larsen (Katie Finday), uma garota linda e misteriosa. Filha de uma família de classe média, Rosie desaparece durante um fim de semana e é encontrada dias depois, dentro do porta-malas de um carro que servia à campanha política do candidato à prefeito de Seattle Darren Richmond (Billy Campbell). Seattle, aliás.
A cidade é um dos principais personagens em The Killing. Seattle, no estado de Washington, é um dos lugares dos Estados Unidos em que o sol menos aparece. O clima rabugento céu cinza pessoas encapotadas lembra até Curitiba, mas a série exagera: a chuva está presente em praticamente todos os episódios. Chega a ser angustiante.
À frente do caso está a dupla de detetives Sarah Linden (a ótima Mireille Einos) e Stephen Holder (o não menos competente Joel Kinnaman). Ela, separada e com um filho adolescente a quem dedica pouco tempo, está prestes a mudar de cidade. Pretende que o caso Rosie Larsen seja o último antes de partir para viver em definitivo com seu novo namorado em Sonoma, na ensolarada Califórnia. Ele atenção, spoiler! , é um rapaz das ruas, debochado no estilo "yo!". Numa investigação paralela de Sarah, descobre-se que Holder é um dependente químico em recuperação.
A relação dos dois evoca a dupla Fox Mulder & Dana Scully, da série Arquivo X. Há uma leve tensão no ar, e muitos problemas pessoais de parte a parte a exceção é que Sarah é mais assertiva que Scully e Holder menos ingênuo que Mulder.
Referências
Outra lembrança noventista sugerida por The Killing é Twin Peaks, série cult de Mark Frost e David Lynch. Não há nada surreal ou fantástico, mas o clima melancólico de Seattle, e o desenrolar quase rocambolesco da caçada em busca do assassino de uma adolescente (Rosie Larsen no posto de Laura Palmer), propõem insights comparativos.
Personagens carismáticos, fotografia excepcional há um granulado proposital em algumas tomadas da série fazem de The Killing um bom programa. Mas a sua principal qualidade é também o que pode causar rejeição. Durante as primeiras temporadas, praticamente em todo episódio havia um novo suspeito para o crime. A história é bem-amarrada, mas se perde em verossimilhança. As reviravoltas envolvem conspirações políticas, máfia polonesa, cassinos, terras indígenas e até terrorismo. Por isso, não se culpe se, em determinado momento, o "nossa!" de repente virar "unft..."
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