| Foto: Benett

Embarquei com aquela dificuldade habitual, braços pra que te quero e força pra cima. Me postei diante da janelinha, aquele ventinho abençoado. Só que, para manter o lugar, seria preciso um disfarce. Rapidamente escondi a barriga com o casaco, e assim consegui ficar tranquila uns dois sinaleiros. Mas a estratégia deu calor e tive de afastar o indesejado cobertor. Não deu outra: as duas mocinhas que haviam garantido lugar sentadas pularam e insistiam para trocar comigo, onde já se viu. Argumentei que preferia ir em pé, fiquei diante do computador o dia todo, a calça aperta, o quadril dói. Nenhum idoso ou mesmo alguém com gesso nas duas pernas enfrentaria tanta resistência. Fomos quase às vias de fato, mas consegui barganhar: você segura a bolsa, você o casaco, e eu prometo que me seguro bem direitinho aqui em pé. Que bom se todas fossem igual a vocês, garotas!

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Um colega já havia me alertado no início da gestação que grávida é um bem público, todo mundo tem opinião para dar e o bebê é quase patrimônio universal. Com efeito, recentemente uma gestante foi retirada de casa, escoltada por policiais militares, e obrigada a se submeter a uma cesariana. Por outro lado, ela se encontrava na 42.ª semana de gestação, limite até para os padrões liberais europeus, e o bebê estaria na posição sentada.

Há casos mais leves de gestação participativa-opressiva, como quando a família não permite que a grávida dê sequer uma escapadinha na fritura ou no refrigerante sem pregar a cartilha da boa alimentação. O problema é que, justamente no "estado interessante", a mulher mais tem vontades de "gordices", como dizem por aí. Pior: muita gente confessa ter aprendido maus hábitos nessa fase que nunca mais foram abandonados.

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Aprender é a chave da questão. Mesmo as vovós prontas para ajudar no primeiro, segundo, terceiro banho precisam se atualizar. Hoje em dia não se enfaixa mais o umbigo. Nem pensar em usar bucha no mamilo, a nova onda é tomar sol de topless (onde?). Descoordenados, tomem jeito: é preciso aprender a ajustar o sling ao redor do corpo para levar o bebê grudadinho (exceção concedida às mães que suportaram o calor deste verão).

Mesmo com tanta informação e prescrições que hoje cercam cada detalhe da gestação, nenhuma fonte pode informar a sensação de ver o filho pela primeira vez, de pegá-lo no colo ou mesmo o sofrimento de passar pelos desafios dos primeiros meses da criação.

E quanto ao balanço gestacional, ele é pra lá de positivo. É até perigoso se acostumar com tanto mimo, bolachas e gentilezas, já que, as mamães alertam, depois do nascimento ninguém nem enxerga a antiga portadora do lindo bebezinho.

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