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A perda de um dos mais importantes escritores do país
Há cerca de dois anos, o escritor baiano João Ubaldo Ribeiro acordava todos os dias às 4 ou 5 horas da manhã para aproveitar o sossego do horário e se sentava para escrever um novo romance. Por volta das 10 horas, quando começavam os ruídos da casa, ele parava. Em busca de tranquilidade para escrever, ele vinha cancelando compromissos e negando os convites que chegavam diariamente, como participações em feiras literárias, conferências e homenagens. Fazia reuniões de trabalho apenas por Skype ou e-mail, pois não gostava de falar por telefone.
Destaques da carreira de João Ubaldo Ribeiro
Principais obras- Sargento Getúlio (1971)- Viva o Povo Brasileiro (1984) - O Sorriso do Lagarto (1989)
Principais prêmios- Prêmio Jabuti (1972) - Melhor Autor, com Sargento Getúlio- Prêmio Jabuti (1984) - Melhor Romance, com Viva o Povo Brasileiro- Prêmio Camões (2008) - Contribuição à língua portuguesa
Frases marcantes de João Ubaldo Ribeiro
"Faço tudo que me dá na cabeça, não quero saber de limitações. Eu não pequei contra a luxúria. Quem peca é aquele que não faz o que foi criado para fazer."
"Em tese, somos capazes de nos apaixonar por tantas pessoas quantas sejamos capazes de lembrar, o limite é este, não um ou dois, ou três, ou quatro, ou cinco, ou dezessete, todos esses números são arbitrários, tirânicos e opressores".
"O sujeito vai lá, tapa o nariz e vota"
"Já estou chegando, ou já cheguei, à altura da vida em que tudo de bom era no meu tempo."
"Não me considero um homem de letras. Encaro com enorme tédio essa tal de literatura."
"A arte é uma forma de conhecimento."
"Quem peca é aquele que não faz o que foi criado para fazer."
"Não estou preocupado em conhecer os novos autores, esses que vão surgindo agora. Já li muito no passado, está bom."
"Quanto mais coroa fico, mais vou sentindo frio."
"Um romance são tantos romances quantos forem seus leitores."
"Duvido muito que um sujeito leia um livro cheio de hiperlinks. Não acredito na praticidade dessa mecânica do computador."
"Já estou chegando, ou já cheguei, à altura da vida em que tudo de bom era no meu tempo."
"Em tese, somos capazes de nos apaixonar por tantas pessoas quantas sejamos capazes de lembrar, o limite é este, não um ou dois, ou três, ou quatro, ou cinco, ou dezessete, todos esses números são arbitrários, tirânicos e opressores."
Sobre receber o Prêmio Camões: "Para ser sincero, não acho nada demais. Acho que eu ganhei porque eu mereço."
Foi enterrado pouco antes das 10 horas da manhã deste sábado (19) no cemitério São João Batista, no Rio, o escritor baiano João Ubaldo Ribeiro. Aos 73 anos, ele morreu em casa na madrugada de sexta-feira (18), vítima de uma embolia pulmonar.
O corpo do autor de clássicos como Sargento Getúlio e Viva o Povo Brasileiro foi sepultado no mausoléu da Academia Brasileira de Letras (ABL), em que ocupava a cadeira 34 desde 1993.
>> Leia frases marcantes do autor
>>Leia a entrevista completa do escritor ao Jornal Rascunho.
Ao chegar ao cemitério, o filho Bento Ribeiro, ator e apresentador, contou que o livro que o pai deixou inacabado seria um apanhado de histórias ou crônicas do Leblon, bairro que o escritor adotou no Rio. "Não li nada. Quem lia as obras dele antes de ficarem prontas era a minha mãe. Comigo ele só comentou que estava mudando o narrador para escrever de um jeito mais baiano", contou.
João Ubaldo foi enterrado com o fardão da ABL mas, por baixo dela, levava uma camiseta com o nome de Itaparica, "seu xodó" segundo a secretária particular Vania. Uma camisa do bloco de carnaval Areia, que desfila no Leblon, foi colocada sobre o caixão do romancista. A tradicional Padaria Rio Lisboa e o Bar Tio Sam também prestaram homenagem ao frequentador ilustre mandando coroas de flores.
A despedida ao baiano da Ilha de Itaparica começou às 8 horas na ABL, onde estava sendo velado desde ontem no Salão dos Poetas Românticos. Uma cerimônia religiosa foi seguida por uma homenagem dos colegas da ABL. A bandeira da ABL ficará hasteada a meio mastro em sinal de luto pela morte do escritor.
Familiares e amigos de Ubaldo estavam muito emocionados. O escritor deixa a mulher, a psicanalista Berenice Batella Ribeiro e quatro filhos: o apresentador Bento Ribeiro; Francisca, que morava com o pai; Emilia, vinda de Salvador; e Manuela, que chegou na madrugada de hoje de Munique, na Alemanha, onde mora, para o enterro (ambas fruto de seu primeiro casamento).
O romancista vivia no Rio de Janeiro desde a década de 70. Na madrugada de sexta-feira, João Ubaldo se sentiu mal por volta das 3 horas da manhã em sua casa, no Leblon. Ele pediu socorro à mulher, que chamou os paramédicos, mas quando estes chegaram já era tarde.
Perda
Nascido na ilha de Itaparica (BA) em 23 de janeiro de 1941, Ubaldo formou-se em direito na Universidade da Bahia, mas jamais exerceu a profissão. Escreveu seu primeiro livro, "Setembro Não Tem Sentido", aos 21 anos. O segundo foi "Sargento Getúlio" (1971), uma de suas obras mais célebres, que lhe deu seu primeiro prêmio Jabuti, em 1972 -o segundo viria por "Viva o Povo Brasileiro".
Ubaldo também trabalhou como jornalista no "Jornal da Bahia" e foi colunista de diversos jornais no Brasil e no exterior.
Foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 7 de outubro de 1993, tornando-se o sétimo ocupante da cadeira nº 34, na sucessão de Carlos Castello Branco.
Em 2008, venceu o Prêmio Camões, principal premiação da língua portuguesa.
Esteve em Curitiba em 2011, quando abriu a 6ª temporada do Paiol Literário. Na ocasião, declarou que "queria ser um bom escritor." "Tem uma frase interessante que o Vargas Llosa diz que quando o sujeito senta para escrever, ele resolve se quer ser um bom escritor ou não. É um pouco verdade. Eu resolvi que seria um bom escritor, que seria um escritor sério. Nunca tive nenhuma dúvida sobre isso."
O corpo será velado na sede da ABL, no centro do Rio, a partir das 10h. Pela tradição, membros da Academia Brasileira de Letras são velados na sede da ABL e enterrados no mausoléu da entidade, no cemitério São João Batista, em Botafogo, zona sul da cidade.
A data do enterro ainda não foi definida, pois uma das filhas do escritor está vindo da Alemanha para o Rio. Ele era casado com Berenice de Carvalho Batella Ribeiro, com quem teve dois filhos, Bento e Francisca. Tinha outras duas filhas, Emília e Manuela, de um casamento anterior.
Biografia
Entre suas principais obras estão Sargento Getúlio (1971), Viva o Povo Brasileiro (1984) e O Sorriso do Lagarto (1989). João Ubaldo Ribeiro recebeu, em 2008, o Prêmio Camões, concedido pelos governos de Portugal e do Brasil, para autores que contribuem para o enriquecimento da língua portuguesa.
Ribeiro também venceu, por duas vezes, o Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro. Em 1972, conquistou o Jabuti de Melhor Autor, por Sargento Getúlio. Em 1984, venceu na categoria Melhor Romance, com Viva o Povo Brasileiro. Em 2008, ganhou o prêmio Camões pelo conjunto da obra.
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