Críticas a Tom Cruise provocam debate em Hollywood

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Um dia depois de um dos homens mais poderosos de Hollywood ter criticado abertamente o ator Tom Cruise, a capital da indústria cinematográfica passou a acreditar que os estúdios, preocupados com seu faturamento, talvez estejam fartos de tratar as estrelas como estrelas.

Alguns membros da indústria acreditam que as críticas do presidente da Viacom Inc., Sumner Redstone, eram mais um sinal apontando para o declínio da carreira de um ator que sempre faturou muito.

Em poucos lugares do mundo as estrelas de cinema são tão paparicadas como em Hollywood. Joalherias querem lhes emprestar diamantes, construtoras querem lhes dar casas, os estúdios mostram-se dispostos a ceder a todas as suas vontades. E, nos últimos anos, Cruise foi um dos atores mais badalados de Hollywood.

Mas o filme mais recente dele, "Missão: Impossível 3", apesar de ter arrecadado quase 400 milhões de dólares no mundo todo, não se saiu tão bem quanto o esperado. E, em Hollywood, o sucesso de um ator depende, muitas vezes, do sucesso de seu último filme.

Segundo Redstone, um dos principais motivos que levaram o estúdio de cinema da Viacom, a Paramount Pictures, a não renovar seu contrato com Cruise era o comportamento dele fora das telas. Em declarações ao diário "The Wall Street Journal", Redstone disse:

- Ele é um ator incrível. Mas não acreditamos que alguém que comete um suicídio criativo e que prejudica o faturamento da empresa deveria estar na equipe.

Tom Cruise chamou atenção no último ano ao cometer várias gafes, entre as quais a forma agitada com que se comportou no programa "The Oprah Winfrey Show", sua defesa insistente da Cientologia e os ataques que fez à psicanálise.

Para alguns, os comentários de Redstone apontam para um período de grandes mudanças em Hollywood.

- Há uma mudança definitiva e palpável no ar - afirmou o funcionário de uma importante agência de talentos de Hollywood.

- As exigências feitas pelos astros superaram o razoável, e eles ficaram petulantes demais. Os estúdios, cujas ações, ao menos em parte, são negociadas no mercado aberto e que precisam proteger seu faturamento trimestral, não estão mais tão intimidados pelas estrelas - disse.

O alto executivo de um estúdio que não quis ter sua identidade revelada afirmou:

- Acho que estamos, agora, mais dispostos a falar 'não'. Descobrimos que, quanto maior os salários, menor nossas margens de lucro e menor a consideração das pessoas pelos riscos que estamos correndo.

Jerry Bruckheimer, um produtor de Hollywood que participou, entre outros, da superprodução "Piratas do Caribe - O Baú da Morte", concorda que a procura por talentos transformou-se hoje em um mercado bom para os compradores.

- Acho que os estúdios estão, com certeza, mais conscientes a respeito de seus limites e mais cuidadosos sobre como estruturam seus grandes acordos - afirmou à Reuters.

- Eles estão apenas apertando os parafusos tendo em vista o que é bom para os negócios e para a comunidade (cinematográfica).

No entanto, grandes astros como Cruise e Tom Hanks continuam sendo bastante procurados, disse Bruckheimer.

- Se alguém quiser Tom Hanks para um filme, ele tem um preço. Ou essa pessoa deseja colocá-lo no filme e paga o preço dele, ou essa pessoa escolhe outro ator - afirmou, acrescentando que os atores de porte médio são os mais pressionados.

Em um exemplo notório de como os executivos de Hollywood perderam a paciência com suas estrelas, o chefe de uma grande produtora de filmes enviou uma carta para a atriz Lindsey Lohan afirmando que ela se comportava como uma "criança mimada" no set de filmagens de "Georgia Rules".

O historiador de cinema David Thomson afirmou acreditar que Cruise estava passando por problemas na carreira devido a sua idade e porque estava perdendo o charme de menino com que surgiu nas telas.

Thomson acrescentou que, com a saída de Cruise, a Viacom poderia assinar contrato com atores mais jovens e a custos menores.

- A coisa mais importante é que "Missão: Impossível 3" se saiu muito pior do que os dois primeiros filmes da série. Acho que a Paramount viu nisso um sinal de que o apelo exercido por Cruise está diminuindo.