Entenda o caso
Acompanhe um histórico do andamento da ação que tramita na Justiça sobre o fechamento da Pedreira Paulo Leminski.
19/3/2008 Ajuizamento da Ação Civil Pública pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR), feita em nome de alguns moradores que reclamavam de barulho.
31/3/2008 Uma decisão liminar deferiu o fechamento provisório da Pedreira.
24/2/2010 Audiência de conciliação. Foi decidido pelas partes que seria realizada uma perícia ambiental e, depois, haveria audiência para determinar as condições em que o espaço seria reaberto.
8/3/2010 Expedido ofício ao Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Paraná (CREA-PR) para indicar um perito responsável pela realização de um laudo técnico sobre o espaço.
13/4/2010 Resposta do CREA ao ofício, afirmando que o órgão responsável para indicar o perito é o Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (Ibape-PR).
18/6/2010 Expedido ofício ao Ibape-PR.
30/9/2010 Procurada pela Gazeta do Povo, a presidente do Ibape-PR, Vera Lúcia de Campos Corrêa Shebalj, afirma não ter recebido nenhuma correspondência oficial sobre o caso.
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Pelo menos no que diz respeito aos shows e eventos de grande porte, Curitiba voltou a ser a quinta comarca de São Paulo. Sim, porque desde agosto de 2008, quando a Pedreira Paulo Leminski abrigou o seu último show a gravação do DVD do grupo de pagode Inimigos da HP , quem quis assistir às apresentações das grandes estrelas do showbiz que passaram pelo Brasil (e a lista inclui Madonna, Metallica, Guns N Roses, Coldplay e Aerosmith, entre outros) teve de se deslocar até a capital paulista ou ainda a Porto Alegre ou Rio de Janeiro, que ficam mais distantes.
Pior: nesse meio tempo, até os shows médios trazidos para Curitiba precisaram ser realocados para a região metropolitana Ivete Sangalo, Oasis e Scorpions para Pinhais, e Fernando & Sorocaba para Campina Grande do Sul, por exemplo. E pensar que até 2008 a capital paranaense era a terceira maior praça de shows do país, e recebia atrações como Paul McCartney (que vai se apresentar em Porto Alegre no início de novembro), David Bowie, Ramones, AC/DC, INXS, Bon Jovi, Iron Maiden e Pearl Jam, entre outras.
Passados dois anos e meio da interdição da Pedreira (leia mais no quadro abaixo), a situação do espaço continua indefinida. E não parece sensibilizar o principal interessado a Fundação Cultural de Curitiba (FCC), responsável pela área. Prova disso é que ninguém havia se dado ao trabalho de investigar a razão da demora do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (Ibape-PR) em indicar um perito para fazer um laudo técnico do local, que serviria de base para determinar as condições para a reabertura do espaço conforme ficou decidido na audiência de conciliação realizada em fevereiro deste ano.
"Nós não recebemos nenhum ofício a esse respeito", garante a presidente do Ibape-PR, Vera Lúcia de Campos Corrêa Shebalj. "O comunicado que eu tenho é uma carta informal do vereador Jonny Stica, informando que nós seríamos procurados sobre essa questão. Mas eu estou aguardando uma correspondência oficial até hoje." O curioso é que, de acordo com o processo, identificado com o número 50913/0000, teria sido expedido um ofício ao Ibape-PR no último dia 18 de junho. "Se tivéssemos recebido, certamente já teríamos indicado os profissionais e a perícia já poderia ter sido feita. Não existe má vontade do Ibape, muito pelo contrário: a entidade tem o maior interesse em trabalhar nesse caso, até pela sua repercussão", ressalta Vera Lúcia.
"Parece que o sistema jurídico não está funcionando nesse caso", acusa o vereador Jonny Stica (PT), um dos idealizadores do movimento A Pedreira É Nossa: "O ofício não foi enviado por carta registrada e ninguém foi conferir se ele havia chegado ao destinatário. Vou solicitar ao juiz [Douglas Marcel Peres, responsável pelo caso] que reenvie a correspondência oficial ao Ibape, para que enfim seja feita a perícia ambiental". Ele aproveita para criticar a prefeitura: "Parece que ninguém está preocupado com isso. A procuradoria do município não se manifesta, não acompanha o processo, e não vemos por parte da Fundação Cultural e dos procuradores o engajamento que esperávamos".
Paulino Viapiana, presidente da Fundação Cultural de Curitiba, nega o desinteresse: "Entendemos que a Pedreira pode funcionar para determinados eventos, em determinados horários, com uma agenda negociada com a comunidade", argumenta. Mas admite que não foi feito um esforço maior a esse respeito. "Não acelerei esse processo, até porque se a Pedreira fosse liberada hoje, não teríamos dinheiro no orçamento para fazer a reforma que seria necessária no local." O juiz Douglas Marcel Peres foi procurado para falar sobre o ofício que não chegou ao Ibape, mas não quis se manifestar.
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