Guairinha (R. XV de Novembro, 71 – Centro), (41) 3304-7982. Dias 8 e 9 de outubro às 20h30. R$ 60 e R$ 30 (meia-entrada).
Curitiba terá a rara oportunidade de conhecer o tradicional teatro noh na próxima Semana da Cultura Clássica Japonesa, como parte das comemorações dos 120 anos de relações diplomáticas entre Brasil e Japão. O grupo Escola Noh de Kanze, de Tóquio, com o mestre Takayuki Kizuki, se apresenta dias 8 e 9 de outubro, no Guairinha.
Os 18 músicos, cantores e atores trazem sua técnica centenária, figurinos, máscaras, instrumentos antigos e até o formato do palco, que é rigorosamente exigido pela convenção do noh. Nele, os artistas, todos homens, se movem lentamente em vestes suntuosas, numa dança também simbólica ao som do lamento e de tambores de som agudo e flauta.
Até hoje, a cidade havia recebido apenas o kyogen, o estilo noh cômico. Agora, o Kanze traz um repertório completo, composto por dois dramas intercalados por um kyogen.
A duração total é de 2h30, com um intervalo, o que é um período bastante reduzido em relação aos espetáculos no Japão, que duram cinco horas.
A primeira peça será “Hagoromo”, que significa “manto de plumas” e é uma das narrativas mais encenadas por grupos de noh. A autoria é atribuída ao escritor Zeami (1363-1443), um dos fundadores do gênero.
Na trama, o pescador Hakurijo encontra a ninfa dos céus Tennin. Ela desce para um banho aos pés do monte Fuji, deixando seu manto numa árvore. Quando encontra o artigo tão sublime, o pescador decide guardá-lo como relíquia familiar, mas logo é interpelado por Tennin. Ela chora pedindo o manto, sem o qual não pode retornar ao céu. Ele pede então que ela dance para ele, e ela aceita, mas pede o manto primeiro. Quando ele desconfia e diz que, se entregar o artigo, ela partirá sem dançar, a ninfa sentencia: somente na Terra existe a mentira. Envergonhado, Hakurijo entrega o manto e assiste à dança maravilhosa enquanto o ser alado vai embora lentamente.
“A peça combina elementos de dança, drama, música e poesia e traz uma profunda reflexão sobre o cumprimento de acordos”, explica a professora de japonês do Celin (UFPR), Laura Tamaru. O texto japonês foi alvo de uma releitura pelo poeta Haroldo de Campos em 1993.
Comédia
Servindo como uma pausa para a emoção, a peça de kyogen entra então com seu estilo bem diferente: não há máscaras nem acompanhamento musical e as roupas são simples. “Kombu-uri”, ou “o vendedor de algas”, é uma farsa sobre o encontro de um samurai arrogante com um homem do povo muito esperto. Nas expressões faciais, gestos rápidos e no tom de voz, fica explícita a sátira.
Preguiçoso, o shogun não quer levar sua pesada arma, e ameaça matar o vendedor de algas caras, um produto caro típico de Wakasa, se ele não a carregar para ele. O homem então aceita e tenta equilibrar sua carga junto com a espada, o que faz desajeitadamente. Quando o samurai decide segurar a alga, invertem-se os papéis, e o vendedor passa a ameaçar o nobre: que ele saia vendendo o produto, cante e dance para fazer propaganda. Enfim: faz do arrogante gato e sapato.
O terceiro ato do espetáculo retorna ao drama com a história de um espírito de aranha que faz adoecer um regente do imperador. “Tsuchigumo” também é um clássico do noh e alude ao tema frequente na cultura japonesa da influência dos espíritos bons ou maus.
Palestra
Como a PF costurou diferentes tramas para indiciar Bolsonaro
Cid confirma que Bolsonaro sabia do plano de golpe de Estado, diz advogado
Problemas para Alexandre de Moraes na operação contra Bolsonaro e militares; assista ao Sem Rodeios
Deputados da base governista pressionam Lira a arquivar anistia após indiciamento de Bolsonaro