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Capa de uma edição do livro Mirinha, de Dalton Trevisan |
Capa de uma edição do livro Mirinha, de Dalton Trevisan| Foto:

Silviano Santiago, júri do prêmio, fala da escolha

"A escolha de Dalton Trevisan foi unânime. Houve uma discussão maravilhosa entre os membros do júri de cerca de duas horas e depois chegamos a essa decisão consensual. Primeiramente, pela contribuição extraordinária de Dalton Trevisan para a arte do conto, em particular para o enriquecimento de uma tradição que vem de Machado de Assis, no Brasil, de Edgar Allan Poe, nos EUA, e de Borges, na Argentina. Dalton Trevisan leva adiante essa tradição notável com uma nota muito pessoal.

Também o escolhemos pelo modo como ele trabalha o conto a partir de uma linguagem concisa, direta, chegando a aproximar o conto de um poema em prosa e de um hai-kai. Além disso, o tratamento que ele dá ao fait-divers, aos pequenos acontecimentos do cotidiano, como em "O vampiro de Curitiba", faz com que ilumine os pequenos dramas do cotidiano. Ele nos mostra que somos todos como Joaquim, o nome de uma revista muito importante que ele fundou e dirigiu nos anos 1940".

O escritor curitibano Dalton Trevisan, que completa dia 14 de junho 87 anos, foi premiado pela sua "dedicação ao fazer literário", disse o escritor brasileiro Silviano Santiago, um dos membros do júri.

Trevisan é dono de uma carreira longa e constante, dedicada especialmente ao conto. Nos últimos anos lançou "O Maníaco do Olho Verde" (2008), "Violetas e Pavões" (2009), "Desgracida" (2010), "O Anão e a Ninfeta" (2011) e "Mirinha" (2011).

O Prêmio Camões é entregue desde 1989, tem o valor de cem mil euros, e é o prémio mais importante da literatura portuguesa. Foi instituído por Portugal e pelo Brasil e é atribuído, alternadamente, nos dois países.

Além do escritor Silviano Santiago, o júri desta edição foi composto por Rosa Martelo, professora da Faculdade de Letras da Universidade do Porto; Abel Barros Baptista, professor da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa; historiador e escritor moçambicano João Paulo Borges Coelho; Alcir Pécora, professor da Universidade de Campinas; e pela poetisa angolana Ana Paula Tavares.

Biografia

Trevisan trabalhou durante sua juventude na fábrica de vidros de sua família e chegou a exercer a advocacia durante 7 anos, depois de se formar pela Faculdade de Direito do Paraná (atual UFPR). Quando era estudante de Direito, Trevisan costumava lançar seus contos em modestos folhetos. Liderou o grupo literário que publicou, entre 1946 e 1948, a revista Joaquim. O nome, segundo ele, era "uma homenagem a todos os Joaquins do Brasil". A publicação tornou-se porta-voz de uma geração de escritores, críticos e poetas.

Entre as muitas obras do escritor, estão os livros "A Polaquinha" (1985), "Arara Bêbada" (2004), "A Trombeta do Anjo Vingador" (1977), "Capitu Sou Eu" (2003) e"Cemitério de Elefantes" (1964).

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