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Com mais de 25 anos nas costas, a banda britânica Echo and the Bunnymen tem uma trajetória exemplar. Afinal, o mínimo que se espera de um grupo de rock que viveu seu ápice na controversa década de 1980 e ainda não desistiu de fazer música de qualidade é uma trajetória de altos e baixos.

Com quatro álbuns antológicos figurando nas primeiras posições de sua discografia – Crocodiles (1980), Heaven Up Here (1981), Porcupine (1983) e Ocean Rain (1984) – a banda liderada pela dupla Ian McCulloch (vocal) e Will Sergeant (guitarra) bem que tentou, mas não conseguiu manter o mesmo ritmo durante a primeira metade dos anos 90, criando um hiato de sete anos após o lançamento do entediante Reverberation (1990), considerado por muitos o pior trabalho da banda.

Mas, eis que passada a febre grunge, em 1997, o grupo de Liverpool voltou à tona com o excelente Evergreen seguido, dois anos depois, pelo também competente What Are You Going to Do with Your Life (1999). Porém, mais alguns degraus da escala da boa fase foram descidos em 2001, com o mediano Flowers e com um já desgastado recurso para recuperar prestígio, o disco ao vivo Live in Liverpool (2002).

Como manda a regra da trajetória bunnymen, o mais recente registro da banda a coloca no topo novamente, desta vez num patamar tão alto quanto o alcançado com os quatro primeiros registros citados no primeiro parágrafo. Trata-se de Siberia, décimo álbum de inéditas, lançado pelo grupo em setembro do ano passado, mas que só agora chega ao mercado brasileiro pelas mãos da gravadora Indie Records.

McCulloch e Sergeant nunca estiveram tão afinados. A sincronia é perceptível já na primeira faixa de Siberia, a belíssima "Stormy Weather" – pop redondo, com elementos que remetem àquela que é considerada a melhor fase da banda. Mesmo com a rouquidão adquirida com anos e anos de cigarros e muita caipirinha, o vocal de Ian continua entre os mais originais do rock contemporâneo, emocionando os ouvintes e fãs a cada canção. Já a guitarra característica de Will Sergeant permanece afiada, simples, criativa e arrepiante. A dupla é completada ainda com o baixista Peter Wilkinson, o baterista Simon Finley e o tecladista Paul Fleming.

Siberia é uma sucessão de canções para aprender e cantar, como já dizia o título da mais célebre coletânea do Echo and the Bunnymen, Songs to Learn and Sing, lançada em 1985. Após a ótima abertura, o novo álbum segue com a melódica "All Because of You Days" de letra intimista, que fala de maneira delicada sobre a passagem do tempo. Já "Parthenon Drive", lembra a clássica "The Cutter", com um clima mais sóbrio e roqueiro. Guitarras e violões anunciam a dançante "Of a Life", de riff grudento e linha vocal alegre. O entusiasmo continua com "Make Us Blind", de teclado oitentista; na balada "Everything Kills You"; no refrão guitarreiro de "Sideways Eight" e na acelerada "Scissors in the Sand".

Aos curitibanos resta torcer para que aos shows recentemente cancelados – o Echo and the Bunnymen se apresentaria em Belo Horizonte e São Paulo nos últimos dias 18 e 19 – seja acrescentada uma data na capital paranaense, quando o grupo retornar, possivelmente, no segundo semestre deste ano. Enquanto isso, algumas audições de Siberia já são suficientes para aprendermos a cantar suas canções. GGGG

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