Depois de passar por São Paulo, Brasília e Belo Horizonte, Otelo, de William Shakespeare, faz apresentação única neste sábado, no Teatro Guaíra. Dirigida por Marcos Alvisi e Diogo Vilela que também interpreta Iago a peça traz Marcello Escorel no papel de Otelo e outros 17 atores em uma adaptação "facilitada", que pretende fazer com que a densidade de Shakespeare seja totalmente compreendida.
"A tradução foi pensada para que os diálogos fossem totalmente acessíveis sem perder a poesia", diz o ator Diogo Vilela, que passou mais de um ano estudando Otelo em companhia de tradutores e produtores. "Nós nos encontrávamos todos os domingos para discutir a montagem", conta.
Otelo, que empresta o nome à peça, é um general mouro que serve ao reino de Veneza. A história gira em torno da traição, da inveja e dos ciúmes de Iago, que quer se vingar do general porque este promoveu o jovem soldado Cássio, intermediário nas relações entre Otelo e sua paixão, Desdêmona.
O enredo, escrito no século 15, é mais do que atual segundo o ator carioca. "Não é só um embate entre um homem bom e seu antagonista. A peça vai além disso e mostra realmente como nós somos. Todos temos um Otelo dentro de nós. Quem não é apaixonado, por exemplo?", diz.
Por tratar de "doenças" da sociedade, na qual o mal se instala com facilidade, Otelo talvez seja a peça mais moderna do dramaturgo inglês. A tragédia, que é envolta por filosofia, trata também de ciúmes, da loucura e do "desespero de se amar demais".
"Os textos de Shakespeare põem o ator no seu devido lugar. Os personagens são individualizados e o psicológico de cada um é muito valorizado. Coloquei minha visão na obra porque o teatro vive do artesanato e da reflexão", explica Vilela, que interpreta um texto do bardo inglês pela segunda vez. A primeira foi em Hamlet, uma montagem de 2001.
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