É sempre alentador ver o progresso de um diretor de cinema. Vejamos o caso do brasileiro Afonso Poyart. O jovem de Santos fez sua estreia com “2 Coelhos” (2012), que pode ser chamado de tudo – propaganda de seguro de vida, videoclipe de música eletrônica, piada de mau gosto – menos de cinema.
Pois foi esse arremedo de filme que serviu como credencial para que Poyart fosse a Hollywood trabalhar com Anthony Hopkins, Abbie Cornish e Colin Farrell em “Presságios de um Crime”, thriller maneirista com toques fantásticos.
Hopkins interpreta John Clancy, um médico com poderes de ver o passado e o futuro das pessoas com um leve toque. Ele se isolou da sociedade após a morte de sua filha, vítima da leucemia.
Dois agentes do FBI, Katherine Cowles e Joe Merriweather, insistem para que ele os ajude em um caso envolvendo um serial killer chamado Charles Ambrose. Mas, durante as investigações, percebe estar perseguindo um homem ainda mais poderoso que ele.
Fragilidade
Poyart controla melhor os excessos maneiristas que destruíram “2 Coelhos” e os aplica em uma trama em que eles, afinal, se tornam adequados. Isso fica evidente já no início, quando reflexos, distorções e movimentos rápidos da câmera indicam problemas futuros dos personagens.
Algumas cenas se enriquecem com o virtuosismo exibicionista, sobretudo nos momentos de encontro das duas maiores forças (John e Charles), que fazem dos agentes do FBI meros coadjuvantes.
Mas o ponto fraco de “Presságios de um Crime” é o próprio desenrolar da trama. Quando ficamos sabendo como o serial killer mata suas vítimas, vemos que a razão para o assassinato de uma delas, pelo menos, é frágil demais, mesmo de acordo com os seus princípios.
A favor do filme, devemos dizer que algumas de suas cenas são difíceis de esquecer, sobretudo no clímax. Talvez sejam indícios de que a carreira de Poyart deva ser acompanhada com maior atenção.
Há também algumas incongruências mal apresentadas e resolvidas. O marido dessa mesma vítima tem uma relação homossexual. Mas essa revelação surge como uma tentativa frágil de despistar o espectador, e por tão pouco tempo, que não se justifica.
Esse tipo de estratégia narrativa sabota um longa que poderia ser bem-sucedido. Um maior cuidado com o modo como as coisas são elucidadas é necessário para que nossa paciência não seja castigada.
A favor do filme, devemos dizer que algumas de suas cenas são difíceis de esquecer, sobretudo no clímax. Talvez sejam indícios de que a carreira de Poyart deva ser acompanhada com maior atenção.
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