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Beto Brant é um dos expoentes da geração pós-Retomada | Fotos: Divulgação
Beto Brant é um dos expoentes da geração pós-Retomada| Foto: Fotos: Divulgação

A produção cinematográfica do diretor paulistano Beto Brant é das mais instigantes dentro do que se convencionou chamar de fase da Retomada do Cinema Brasileiro, cujo marco inicial é o lançamento comercial de Carlota Joaquina – Princesa do Brazil, de Carla Camu­ratti, em 1995.

Beto Brant, diretor de comerciais, videoclipes e premiados curtas-metragens como Dov’è Mene­ghetti? (1989) e Jó (1993), lançou seu primeiro longa, Os Mata­dores , em 1998, na esteira dessa ressurreição da produção brasileira. O filme conta a história de três assassinos de aluguel que atuam na fronteira entre Brasil e Paraguai. Tanto Os Matadores quanto os dois filmes seguintes do cineasta, Ação entre Amigos (1998) e O Invasor (2001), resultaram da parceria entre Brant e o escritor e roteirista paulista Marçal Aquino.

Nessa espécie de trilogia, que não foi concebida no formato de conjunto de obras interligadas, há temas recorrentes: violência como forma de resolução de conflitos, marginalidade, solidão e, sobretudo, crise da masculinidade. Os personagens principais, na maioria homens, se digladiam e se debatem no interior de um mundo instável, onde as leis do Estado são burladas, ignoradas ou substituídas por códigos de conduta e ética próprios. Nesses embates, os personagens seguem essas normas ou sucumbem a seus instintos mais primários e vão aos poucos perdendo referências básicas de civilidade, restando-lhes apenas a luta cega pela sobrevivência.

Esses homens duros, áridos, ensimesmados e, não raro, agressivos, escondem profunda angústia existencial e patente incapacidade comunicação, colocando-se sempre a um passo da autodestruição. Usam como válvula de escape o sexo e, em muitos casos, a violência, por meio do uso de armas de fogo.

Analisando os filmes de Brant roteirizados por Aquino a partir de argumentos originais seus – Os Matadores, Ação entre Amigos e O Invasor – e mesmo aqueles adaptados pelo escritor a partir de obras literárias de outros autores, como Crime Delicado (de Sérgio Sant’Anna) e Cão sem Dono (de Daniel Galera), percebe-se que a maior parte dos traços já citados é reincidente, criando entre Brant e Aquino uma das mais interessantes parcerias autorais dentro da produção na­­cional das duas últimas décadas. (PC)

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