Diretor de dois premiados filmes de ficção, "Baile Perfumado" (1997) e "Árido Movie" (2006), o pernambucano Lírio Ferreira parte para o documentário em "Cartola - Música para os Olhos".
O filme estréia em 25 salas nesta sexta-feira (6), em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, Brasília, Salvador e Recife.
"Cartola", que é co-dirigido pelo roteirista Hilton Lacerda, retrata o sambista carioca Angenor de Oliveira (1908-1980). Conhecido como Cartola, ele é um dos fundadores da Estação Primeira de Mangueira, em 1928, além de autor de mais de 500 canções, solo ou em parceria, entre as quais "O Sol Nascerá", "O Mundo é um Moinho", a favorita do poeta Carlos Drummond de Andrade, "As Rosas Não Falam", tornada famosa na interpretação de Beth Carvalho.
Lançando-se a uma extensa pesquisa, que consumiu cinco anos, os dois diretores mergulharam em biografias, entrevistas com a família - embora dona Zica, a viúva do compositor não tenha participado muito, porque também morreu, em 2003 - e com seus amigos, como Nelson Sargento e Elton Medeiros, parceiro que funcionou como um consultor da produção.
O filme chama a atenção para o detalhe de que o sambista nasceu, por coincidência, no mesmo ano em que morria Machado de Assis, apontando para as semelhanças e diferenças na vida e na carreira dos dois. Enquanto Machado nasceu pobre, foi adotado e ascendeu socialmente, Cartola nasceu na classe média, no bairro do Catete, mas depois conheceu a miséria em mais de um momento na vida.
Avançando além da intenção biográfica, o filme reconstitui a época de Cartola por meio de inúmeras imagens do Rio de Janeiro, cenas de antigos Carnavais, acontecimentos políticos registrados em telejornais e cinejornais, chanchadas da Atlântida e filmes do Cinema Novo - alguns deles, como "Ganga Zumba" (63), de Cacá Diegues, com participação do próprio Cartola no elenco.
O documentário não tenta em nenhum momento esconder o quanto Cartola foi, apesar de tudo, um personagem trágico, numa vida repleta de altos e baixos.
Fundador da Mangueira e compositor do primeiro samba da escola ("Chega de Demanda"), ele muitas vezes se viu forçado a vender suas composições. Teve meningite, quase ficou paralítico e, aos 38 anos, sumiu da cena artística e foi até dado como morto.
Cartola foi reencontrado por acaso, em 1956, pelo jornalista Sérgio Porto, o Stanislau Ponte Preta, quando lavava carros em Ipanema. Um encontro que o levou a ser redescoberto e, finalmente, a ter sua voz registrada, em 1966, num disco de Elizeth Cardoso.
A experiência do documentário, pioneira no currículo de Lírio Ferreira, continuará em "O Homem que Engarrafava Nuvens", este sobre a vida e obra do chamado "doutor do baião", Humberto Teixeira - apelido que vinha de ele ser advogado e o diferenciava do parceiro Luiz Gonzaga, chamado de "rei do baião". Com Luiz Gonzaga compôs, entre outras, a famosa música "Asa Branca". Este novo filme, já finalizado, deve chegar às telas ainda no segundo semestre de 2007.
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