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| Foto: Estéfano Lessa/Divulgação

Só é poeta quem lê poesia. Essa afirmação, por mais que soe óbvia, foi um consenso durante a mesa redonda Verso, Reverso, Transverso: Ainda se Ouve o Ecopoético Que Ouve?, realizada na noite do último domingo (3), na Bienal do Livro de Curitiba.

Os três convidados, reconhecidos poetas brasileiros, apresentaram discurso afinado, e de fácil compreensão. Antônio Cícero (foto), Ivan Junqueira e Antônio Carlos Secchin contaram que escrevem poesia porque são, e foram desde muito, leitores de poesia.

Cícero afirmou que é impossível alguém escrever poesia apenas "a partir de si mesmo", ou seja, sem ler poemas, como muita gente costuma dizer, em simpósios e mesas de bar. Junqueira contou que foi um poema de García Lorca, que ele leu há mais de 60 anos, que o fez gostar de poesia, "apesar de que, naquela época, eu não entendia, mas já sentia o poema." Secchin, por sua vez, disse que muita gente confunde poesia com desabafo, "mas a pessoa (que se considera poeta) não tem a forma, apenas o desabafo, a confissão."

Os três autores também comentaram que imitadores e diluidores costumam provocar danos a um grande poeta. "Os imitadores de João Cabral de Melo Neto tendem a prejudicar a obra cabralina, porque admiram e pensam que podem fazer o mesmo que Cabral fez, o que não é verdade", explicou Secchin. O mesmo raciocínio funciona, por exemplo, em relação à obra de Paulo Leminski. "Os imitadores do Leminski, de tanto copiar, de certa maneira banalizam a obra do poeta paranaense. O perigo é que a cópia se sobreponha ao original", observou Secchin.

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