Muita gente com certeza vai comprar ingressos para "Hairspray" (veja trailer) para ver John Travolta vestido de mulher. É pena. Travolta encarnando o papel criado originalmente por Divine em 1988, no filme de John Waters, é a coisa menos interessante desta boa revisão da história, quase vinte anos depois.
"Hairspray" chegou aos aos cinemas americanos na última sexta-feira (20) e tem estréia no Brasil prevista para 28 de setembro.
Despretensiosa e leve, a versão cinematográfica da peça da Broadway, que se baseou no filme de Waters (um estranho caminho, típico do estado de coisas na indústria de cinema), mantém intacto o espírito juvenil da obra inicial. O filme triunfa sobretudo pela energia de seu elenco jovem, em que se destacam a estreante Nikki Blonsky (que até este filme trabalhava numa sorveteria), Zac Efron (da série "High School Musical") e, principalmente, Elijah Kelley (cuja carreira anterior se resumia a pontas em séries de TV), dono de uma presença e magnetismo que anunciam uma bela carreira. Os adultos, por mais estelares que sejam, quase atrapalham um filme que, quando eles não estão em cena, é um delicioso e bem realizado musical.
O problema, em síntese, é que os astros Travolta, Michelle Pfeiffer, Christopher Walken estão fazendo caricaturas, e a garotada, não. Michelle faz caras e bocas no papel da tirana produtora de TV que faz de tudo para que a filha seja a eterna Miss Hairspray; Walken não tem graça nenhuma como o pai da heroína Tracy Turnblad (e vê-lo dar beijinhos em Travolta é uma piada que só dura uma repetição); e a DJ Motormouth Maybelle de Queen Latifah está mais para Martin Luther King que para James Brown.
O papel de Edna Turnblad, a obesa e maravilhosa mãe de Tracy, tinha um tom de ironia no filme de Waters e na peça da Broadway, onde foi criado com brilho por Harvey Fierstein. Ao invés de fazer um travesti rasgado como seus antecessoes, Travolta (que admite ter "hesitado muito" até dizer sim aos produtores do filme) quer ser uma senhora recatada, nos convencer de sua "feminilidade". Não funciona.
O que funciona é o ritmo que o diretor Adam Shankman, um ex-bailarino que coreografou todas as seqüências no capricho, imprime à adorável história de como uma adolescente gordinha (Blonsky) acabou com o racismo na TV de Baltimore, no início dos anos 60, apenas com sua paixão pelo rock'n'roll.
Das canções ultrapop de Marc Shaiman à fotografia hiper-realista, em tons de bala e chiclete, de Bojan Bazelli, "Hairspray" balança e vibra quando a garotada impera.
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