O escritor e jornalista paranaense Laurentino Gomes, autor dos best-sellers 1808 e 1822, participou do Fórum das Letras, em Ouro Preto (MG). Ele falou sobre o papel do escritor em ampliar o acesso à informação e do modo como ele associa o jornalismo e a História.
Para Gomes, o sucesso de 1808 e 1822, que retratam, respectivamente, a fuga da Família Real Portuguesa para o Brasil e o processo de independência brasileiro, se deve ao interesse da sociedade em acompanhar de forma leve e acessível os fatos que marcaram o passado do país. "Uso elementos pitorescos e, às vezes, engraçados para conduzir o leitor a um mergulho mais profundo à sua própria história", justificou.
O autor disse que encara de maneira natural as críticas de alguns historiadores. "Tenho que aprender a conviver com isso. Para algumas pessoas, gera desconforto um jornalista escrever um livro de história que vira best-seller", comentou.
Apesar disso, o escritor disse que, de maneira geral, as obras têm sido bem recebidas entre os historiadores. "Eles estão sendo mais generosos do que eu podia imaginar. Pelo menos em público", salientou. "Porém, o sucesso no Brasil ainda é muito mal visto", continuou.
Gomes diz que escreve "livros-reportagens de História" e classifica o jornalista como um "historiador do dia a dia". Para ele, é uma tendência que profissionais de diferentes áreas usem meios acessíveis para transportar suas especialidades ao grande público. "O Drauzio Varella faz isso com a medicina, a Márcia Tiburi com a filosofia e a Ana Beatriz Barbosa Silva fez o mesmo com a psiquiatria ao escrever 'Mentes perigosas'', citou.
Ele destacou o interesse em atingir um público generalizado, a partir de uma linguagem compreensível para todos. "Eu não escrevi os dois títulos para historiadores, mas sim para professores que buscam uma maneira de chamar a atenção dos alunos e para a sociedade em geral", enfatizou. Conforme ele, este é o mesmo propósito que o impulsionou a começar suas pesquisas para redigir o livro 1889, sobre o Segundo Reinado e a Proclamação da República, seu próximo lançamento.
Depois da trilogia, o escritor pretende produzir uma biografia de Dom Pedro I, porém, destacou que há um longo caminho até estar pronto para o gênero. "Teria que mudar a minha forma de trabalho e me dedicar às fontes primárias", explicou. "Seriam anos de pesquisas no arquivo público", apontou.
O autor comentou sobre como a história e seus personagens se transformam com o passar do tempo, de acordo com o modo que as gerações atuais enxergam as anteriores. "O passado é modificado para atender o presente", resumiu.
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